Sobe para 72 o número de mortos em ataque químico na Síria
Ocidente acusa governo sírio. Conselho de Segurança da ONU discute hoje o assunto.
O número de vítimas mortais devido ao bombardeamento químico de terça-feira em Khan Cheikhoun, no norte da Síria, subiu para 72, incluindo 20 crianças, informou esta quarta-feira o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
A organização não-governamental alertou que nas últimas horas aconteceram novos bombardeamentos em Khan Cheikhoun, realizados por aviões de guerra não identificados.
A Organização Mundial de Saúde revelou esta quarta-feira que os sintomas das vítimas são semelhantes aos que ocorrem nas vítimas de químicos com gá de nervos.
"Alguns dos casos parecem ter sinais consistentes com a exposição a químicos organo-fosforados, uma categoria que inclui agentes nervosos", explica a OMS em comunicado
"A probabilidade de exposição a um ataque químico é amplificada por uma aparente ausência de lesões externas
nos casos que demonstram uma rápida escalada de sintomas, que incluem crises respiratórias agudas como a causa da morte", acrescenta a OMS.
Ocidente ataca governo Sírio
As potências ocidentais responsabilizam o regime de Bashar al-Assad pelo ataque de terça-feira. O Conselho de Segurança da ONU reúne esta quarta-feira de emergência para discutir o ataque.
Os Estados Unidos, França e Reino Unido propuseram aos restantes membros do Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução a condenar o alegado ataque químico no norte da Síria. O texto condena o ataque na localidade síria de Khan Cheikhoun, na província de Idleb, pede à Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) que informe rapidamente sobre a investigação em curso e exige às autoridades sírias que colaborem com os especialistas internacionais.
Entretanto, o ministro da Defesa da Rússia,Igor Konoshenkov, defendeu esta quarta-feira que as mortes se devem a uma fuga de gás venenoso que estaria a ser usado numa fábrica de armamento das forças rebeldes. O governante diz que o gás se espalhou após a aviação do governo sírio ter bombardeado a fábrica.
A explicação do governante russo não convence as potências ocidentais, que responsabilizaram o regime de Bashar al-Assad pelo ataque.
O Presidente dos Estados Unidos falou de um provável "crime de guerra" e disse que "não pode ser ignorado pelo mundo civilizado". Donald Trump assegurou que a Rússia e o Irão, como garantes do cessar-fogo na Síria, são responsáveis morais pelo sucedido.
Trump afirmou que os "atrozes atos do regime de Bashar al-Assad são consequência da fraqueza e indecisão" mostradas pelo Governo do anterior chefe de Estado norte-americano Barack Obama, que, em 2012, disse que estabeleceria uma "linha vermelha" para intervir na Síria caso fossem usadas armas químicas "e depois não fez nada".
O Presidente francês, François Hollande, disse que Assad "conta com a cumplicidade dos aliados para beneficiar de uma impunidade intolerável".
"Os que apoiam esse regime podem medir novamente a amplitude da sua responsabilidade política, estratégica e moral", disse Hollande.
No passado mês de fevereiro, a Rússia e a China vetaram uma resolução que tentava impor sanções ao Governo de Damasco pelo uso de armas químicas em 2014 e 2015.
Uma investigação conjunta da ONU e da OPAQ determinou que o regime sírio esteve por detrás de vários ataques com substâncias proibidas nesses anos, e indicou que o grupo extremista Estado Islâmico também usou armas químicas em pelo menos uma ocasião.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt