Sobreviveu a três campos de concentração e agora, aos 98 anos, venceu a Covid-19
Mulher que sobreviveu aos horrores do Holocausto é uma das doentes recuperadas mais velhas do mundo.
Marianne Schwartz deveria ser um sinónimo da palavra "sobrevivente". A austríaca, judia e residente na Austrália, sobreviveu ao Holocausto e passou por três campos de concentração, incluindo Auschwitz. Ultrapassou o horror da II Guerra Mundial e agora, aos 98 anos, venceu o novo coronavírus.
A austríaca, que nasceu em Viena, é uma das doentes mais velhas do mundo recuperadas da Covid-19 e é a sobrevivente do novo coronavírus mais velha de Victoria, na Austrália. Em entrevista ao Sunrise, admite que está habituada a desafiar as suas hipóteses de sobrevivência: "Sou muito, mesmo muito determinada. Sou uma sobrevivente, em muitos sentidos", afirma bem humorada Marianne.
A mulher foi diagnosticada com Covid-19 no início de julho e teve alta hospitalar esta terça-feira, depois de um mês de internamento. Apesar de se revelar cheia de força e muito positiva, os familiares de Marianne contam que a luta contra a doença foi dura e difícil.
"Ela esteve com ventilação e a receber oxigénio várias vezes, começou a melhorar antes de se sentir pior outra vez, foi quando descobriram que tinha também uma pneumonia bacteriana", conta a sobrinha de Marianne, Karin Zafir, revelando que a idosa esteve às portas da morte.
Sempre bem disposta, Marianne desvaloriza o feito: "Certamente que não foi o maior desafio da minha vida, mas foi um grande desafio, sim". Antes de voltar a casa, Marianne teve direito a uma festa de aniversário atrasada, pelo seus 98 anos, uma vez que os celebrou quando estava internada.
Na festa, a idosa deixou uma promessa: passar mais tempo com quem gosta. Marianne foi para a Austrália em 1952, depois de ter casado com o marido, Joschy Schwartz em Viena, no final da II Guerra Mundial.
Há dois anos, em entrevista, recordou o horror que viveu nos campos de concentração e como a experiência transformou a sua visão do mundo e da vida para sempre.
"A minha experiência nos campos de concentração ensinou-me muita coisa: resiliência, aceitar as pessoas como elas são, e a minha atitude para com a vida e com a morte mudaram completamente. No meu âmago, senti que os nazis não me conseguiram tirar a minha identidade. Eu mantive-me a mesma pessoa. Aprendi a viver com o que me aconteceu. Às vezes ainda sonho com o que vivi nos campos de concentração, mas nos meus sonhos ninguém morre", conta a Sobrevivente, com ‘S’ grande.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt