"Sonho fazer o mesmo": Violadores acreditavam que bastava a permissão de Dominique para abusarem de Gisèle Pelicot

Mais de 50 homens acusados de violar Gisèle vão conhecer a sentença esta quinta-feira. Foram divulgadas várias mensagens dos agressores.

18 de dezembro de 2024 às 18:52
Gisèle Pelicot Foto: Manon Cruz/ Reuters
Dominique Pelicot Foto: DR
Milhares nas ruas manifestam-se por Gisèle Foto: Manon Cruz/ Reuters

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"Sonho fazer o mesmo",  "a droga já está a fazer efeito?". A um dia de se conhecer a sentença dos mais de 50 homens acusados de violar Gisèle Pelicot, a mulher drogada pelo marido para ser submetida a práticas sexuais, foram divulgadas as mensagens chocantes do grupo virtual em que Dominique comunicava com os outros agressores.

Em julgamento, 15 dos acusados declararam-se culpados do crime de violação, mas vários alegaram que achavam ter tido o consentimento ou que acreditavam que bastava a permissão do 'maestro' Pelicot para ter relações sexuais com Gisèle.  

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Do jornalista ao bombeiro, do novo ao velho, as provas, a que a CNN teve acesso, sugerem que os homens que alinharam no jogo sexual sentiam admiração por Dominique Pelicot e que gostariam de fazer o mesmo com as suas mulheres. 

Em tribunal, Dominique deu destaque à responsabilidade de todos os envolvidos nos crimes. “Sou um violador como todos os outros que estão nesta sala”, enfatizou. 

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Gisèle Pelicot foi vítima de agressão sexual durante dez anos e descobriu tudo aquilo a que tinha sido submetida pelo marido ao longo de uma década depois de ser confrontada com imagens dos crimes. 

Dominique passava a imagem de um marido "querido e carinhoso" para esconder desejos e inclinações perversas. Durante aquele período, utilizou a mulher como 'isco' para gravar as violações e publicar os vídeos num grupo do site de conversação Coco.gg, também descrito como um paraíso para o crime.

O septuagenário, nascido a 27 de novembro de 1952 em Quincy-sous-Sénart, na região de Essonne, em França, foi detido em 2020, antes de ser investigado e colocado em prisão preventiva. 

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"Numa das fotografias estou deitada na minha cama, imóvel, e estou a ser violada. É uma cena bárbara. O meu mundo está a desmoronar-se e tudo o que construí ao longo de 50 anos também. Francamente, foi uma cena de terror para mim", disse. 

Os 51 arguidos vão conhecer a sentença esta quinta-feira. O Ministério Público pediu penas de prisão de quatro a 20 anos, sendo a pena máxima de 20 anos pedida para Dominique Pelicot.

O caso chocou França e, devido aos contornos, ganhou destaque em todo o mundo. Por ter dado a cara, Gisèle Pelicot tornou-se um símbolo feminista e de luta contra a violência sexual.

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