page view

Dominique Pelicot, o 'voyeur' que usou a mulher como 'isco' para gravar violações e que se desculpa com vício sexual

Psicólogos foram chamados a tribunal para traçar o perfil do autor dos crimes que estão a chocar França. 

13 de setembro de 2024 às 17:39

Passava a imagem de um marido "querido e carinhoso" para esconder desejos e inclinações perversas. Durante dez anos, Dominique Pelicot utilizou a mulher como 'isco' para gravar as violações e publicar os vídeos em sites para 'voyeurs'. No total, foram mais de 50 os agressores. Esta segunda-feira, psicólogos foram chamados a tribunal para traçar o perfil do autor dos crimes que estão a chocar França. 

Segundo a imprensa francesa, o inquérito de personalidade efetuado a Dominique Pelicot revelou que este tinha uma "personalidade dupla". Por um lado, era um homem com "um papel patriarcal, em que os que lhe são próximos podiam confiar". Por outro, era uma pessoa que "manipulava os que o rodeavam para obter empréstimos, recorria à mentira e poderia ter um temperamento que inspirava medo". 

Aos nove anos, segundo o próprio, Dominique terá sido vítima de uma violação quando estava hospitalizado. "A agressão sexual pode ter formado uma clivagem no seu psiquismo", explicou a psicóloga Annabelle Montagne. 

Aos investigadores, o francês disse ter caído num 'vício sexual' e que era incapaz de parar. Embora Dominique não sofresse de "qualquer patologia ou anomalia mental", apresentava "desvio sexual ou parafilia do tipo voyeurismo", de acordo com vários exames psiquiátricos efetuados durante a investigação.

De acordo com a especialista Annabelle Montagne, o facto de o francês sedar a mulher, deixando-a totalmente passiva, pode apontar para que tenha fantasias com necrofilia - o desejo de ter relações sexuais com cadáveres. 

O septuagenário, nascido a 27 de novembro de 1952 em Quincy-sous-Sénart, na região de Essonne, em França, foi detido em 2020, antes de ser investigado e colocado em prisão preventiva. Na terça-feira, quando ia ser presente a tribunal, foi hospitalizado de urgência, com fortes dores abdominais.

A mulher, Gisèle Pelicot, descobriu os crimes do marido em 2020, quando foi confrontada por investigadores com fotografias que mostravam as agressões sexuais. 

"Numa das fotografias estou deitada na minha cama, imóvel, e estou a ser violada. É uma cena bárbara. O meu mundo está a desmoronar-se e tudo o que construí ao longo de 50 anos também. Francamente, foi uma cena de terror para mim", disse. 

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8