Supremo Tribunal do Brasil abre nova ofensiva contra Jair Bolsonaro. Há fortes indícios de desvio de verbas públicas

O Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, que há uma semana condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, abriu esta quinta-feira, uma nova ofensiva contra ele. A decisão foi tomada pelo juiz Flávio Dino, ex-ministro da Justiça de Lula da Silva, e um dos cinco juízes, que na semana passada votaram no STF pela condenação de Bolsonaro.

Dino determinou à Polícia Federal a abertura de uma investigação sobre possíveis crimes cometidos por Bolsonaro, filhos e aliados, durante a pandemia de Covid-19, quando ele ainda era presidente do Brasil. De acordo com o magistrado, há fortes indícios de desvio de verbas públicas, sobrevalorização no preço de equipamentos e produtos, e fraude em concursos públicos para aquisição de insumos destinados ao combate ao Coronavírus.

O juiz baseou a sua decisão num relatório preliminar que agora lhe foi entregue pela Polícia Federal, que, por sua vez, se fundamentou no relatório final da CPI da Covid, Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso que investigou presumíveis crimes praticados por Bolsonaro durante a terrível pandemia, que no Brasil matou mais de 700 mil pessoas. O relatório da CPI foi concluído e entregue à Polícia Federal, à Procuradoria-Geral da República e ao STF em Setembro de 2021, ou seja, quatro anos atrás, e até agora era considerado inconclusivo e sem provas consistentes fosse contra quem fosse.

A nova ofensiva da justiça contra Jair Bolsonaro acontece, coincidência ou não, no momento em que o Congresso tenta aprovar uma amnistia que, se não reverter a pesada sentença a que Bolsonaro foi condenado, pelo menos consiga reduzir o tempo de pena. Além do processo em que já foi sentenciado e deste que enfrenta a partir de hoje, Jair Bolsonaro também é alvo de uma outra acção no STF, que pode começar a tramitar de forma mais célere já nos próximos dias, em que ele é acusado de coacção e obstrução de justiça por ajudar o filho Eduardo Bolsonaro, nos EUA desde Fevereiro, numa campanha contra o Brasil e, principalmente, contra o STF, em retaliação ao julgamento terminado semana passada.