Surto de cólera em Moçambique soma quase 100 novos casos e um morto numa semana
Atualização eleva para 454 o número de casos do mais recente surto no país.
Moçambique registou na última semana quase uma centena de casos de cólera, que provocaram um morto, elevando a 454 doentes no novo surto de cólera no norte do país desde setembro, segundo dados do Ministério da Saúde.
De acordo com o último boletim diário da doença, da Direção Nacional de Saúde Pública, com dados de 3 de setembro a 8 de novembro, desse total de casos de cólera, 255 registaram-se na província de Nampula, com dois mortos, e 199 em Tete, que provocaram um óbito.
No balanço anterior, com dados até 2 de novembro, a Direção Nacional de Saúde Pública tinha contabilizado 366 e dois óbitos.
Desde setembro, 249 dos doentes com cólera tiveram de ser internados em unidades sanitárias, onde permanecem atualmente nove pacientes.
No surto anterior, com dados da Direção Nacional de Saúde Pública de 17 de outubro de 2024 a 20 de julho passado, registaram-se 4.420 infetados, dos quais 3.590 na província de Nampula, e um total de pelo menos 64 mortos devido à doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai doar 3,5 milhões de doses da vacina contra a cólera a Moçambique, anunciou em 22 de outubro o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, após uma visita à Suíça.
"Fomos informados sobre a aprovação de cerca de 3,5 milhões de doses de vacinas contra a cólera para o nosso país", disse na altura Chapo, após uma visita de três dias a Genebra, onde se reuniu também com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
Segundo o chefe de Estado, esta doação será usada para iniciar a execução do Plano de Eliminação da Cólera (PEC), aprovado em setembro pelo Conselho de Ministros e prevendo, como pilares cruciais, a vacinação preventiva contra a cólera em zonas de alto risco.
"Com este apoio da OMS nós iremos iniciar em breve ações neste sentido. Como é de conhecimento geral, a cólera ainda é um problema de saúde pública ao nível do nosso país", disse Daniel Chapo, sublinhando que a doação destas doses de vacina vai permitir às autoridades moçambicanas trabalhar para a erradicação da doença.
O governo de Moçambique quer eliminar a cólera "como um problema de saúde pública" no país até 2030, conforme plano aprovado em 16 de setembro em Conselho de Ministros, avaliado em 31 mil milhões de meticais (418,5 milhões de euros).
"O plano de eliminação da cólera representa o compromisso do governo para eliminar a doença como um problema de saúde pública, através de uma abordagem integrada e multissetorial", disse o porta-voz daquele órgão, Inocêncio Impissa, após a reunião do Conselho de Ministros, em Maputo.
Na reunião foi aprovado o PEC, doença que no atual surto, desde outubro de 2024, já provocou pelo menos 64 mortos no país.
"A cólera continua endémica em várias regiões de Moçambique e do mundo, causando surtos recorrentes. A doença é multifatorial e o seu controlo e eliminação exige ações sobre os principais determinantes da doença", acrescentou Impissa.
O objetivo do governo é "ter um Moçambique livre da cólera como um problema de saúde pública até 2030, onde as comunidades têm acesso à água segura, saneamento e cuidados de saúde de qualidade, alcançados através de ações multissetoriais, coordenadas e informadas por evidências científicas", disse ainda o porta-voz.
Segundo Impissa, este plano "será financiado por diferentes fontes, com destaque para o orçamento do Estado, de parceiros de cooperação bilateral e multilateral, parcerias público-privadas e organizações filantrópicas".
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