Templos destruídos e perseguição: Comunidade Hindu enfrenta onda de ataques violentos no Bangladesh
Já há registo de duas vítimas mortais.
A comunidade hindu no Bangladesh está a enfrentar uma vaga de ataques seletivos após a destituição da primeira-ministra, Sheikh Hasina, vista como uma apoiante do grupo minoritário no país. Segundo o jornal The Telegraph, casas, empresas e templos hindus foram saqueados e destruídos por multidões em pelo menos 27 distritos do país depois da queda do governante. Durante os distúrbios, duas pessoas morreram. Uma das vítimas é Mrinal Kanti Chatterjee, um professor primário de 65 anos.
Os relatos de ataques e de perseguição às minorias hindus surgiram pela primeira vez depois de Sheikh Hasina, de 76 anos, ter fugido do Bangladesh na segunda-feira, pondo fim a 15 anos de governo. Há registo de centenas de hindus que tentaram fugir para a Índia, acabando por ser bloqueado pelos guardas fronteiriços.
Os protestos violentos contra a introdução de um sistema de quotas no serviço público têm assolado Bangladesh. Estima-se que pelo menos 400 pessoas tenham morrido durante as manifestações. Sheikh Hasina deixou o país no meio de uma revolução estudantil.
No que toca à onda de violência contra a comunidade hindu, o grupo estudantil, do movimento Anti-discriminação, distancia-se.
"O Movimento Anti-Discriminação não está envolvido nestes ataques e tem-se pronunciado repetidamente contra a violência; a sua posição é clara. Esperamos um novo Bangladesh sem discriminação e não sectário", assegurou Ala Uddin, professor de Antropologia na Universidade de Chittagong.
O novo primeiro-ministo do Bangladesh, Muhammad Yunus, reconhecido em 2006 com o Prémio Nobel da Paz, também apelou ao fim dos ataques no seu primeiro discurso ao aterrar em Daca, capital do país. "A nossa responsabilidade é proteger toda a gente", afirmou.
No Bangladesh, os hindus representam cerca de 8% de uma população de 170 milhões de habitantes. Há vídeos a circular nas redes sociais que demonstram a violência perpetrada com a comunidade no país asiático.
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