Trump: “Não vejo razão para não ter sido a Rússia”
Presidente dos EUA garante que aceita a conclusão das agências de segurança sobre a ingerência russa nas eleições.
Um dia depois de ter causado uma verdadeira tempestade política nos EUA ao sugerir que acredita mais em Vladimir Putin do que nas agências de segurança dos EUA que acusam a Rússia de ingerência nas presidenciais de 2016, Donald Trump voltou ontem atrás e admitiu que não se explicou bem.
Trump foi arrasado pela imprensa norte-americana, pela oposição democrata e até por congressistas do seu próprio partido por, ao ser questionado segunda-feira se acreditava mais no FBI e na CIA, que acusam Moscovo de estar por detrás da tentativa de interferir nas eleições, ou no desmentido de Putin, ter afirmado: "Não vejo nenhum razão para ter sido a Rússia". Esta frase foi interpretada como uma admissão pública de que valoriza mais a palavra do presidente russo do que as conclusões das suas próprias agências de segurança.
Ontem, no entanto, Trump corrigiu essas afirmação, afirmando que, ao rever o vídeo da conferência de imprensa, percebeu que se tinha enganado, uma vez que queria dizer: "Não vejo nenhuma razão para não ter sido a Rússia". "Tenho toda a confiança nas nossas agências de segurança e aceito a sua conclusão de que a Rússia esteve por detrás de ingerência eleitoral", acrescentou.
O esclarecimento não foi, porém, muito convincente, até porque, durante a conferência de imprensa com Putin, Trump tinha elogiado o desmentido "forte e poderoso" do presidente russo, deixando poucas dúvidas sobre qual era a sua opinião acerca do assunto.
Ontem mesmo, voltou a minimizar o ataque russo ao processo eleitoral americano, ao afirmar que a alegada ingerência "não teve qualquer influência" no desfecho das presidenciais. Prometeu, porém, que a sua administração atuará "de forma agressiva" para evitar qualquer tentativa de influenciar as eleições intercalares de outubro.
Putin recusa tocar acusação contra 12 agentes russos
Durante uma entrevista à Fox, o jornalista tentou entregar-lhe uma cópia da acusação, mas Putin recusou pegar-lhe, dizendo ao jornalista para a colocar sobre a mesa, reiterando que são alegações "ridículas".
Agente russa detida infiltrou o poderoso lóbi das armas
Maria Butina, de 29 anos, é acusada de infiltrar várias organizações políticas nos EUA, incluindo a NRA, o poderoso lóbi das armas, através do qual terá canalizado milhões de dólares de Moscovo para apoiar a candidatura de Trump em 2016.
Trabalhava para Alexander Torshin, banqueiro russo alvo de sanções dos EUA por espionagem.
PORMENORES
Condenação geral
As declarações de Trump na cimeira com Putin foram condenadas por ambos os partidos, "Cobardia", "bajulação" e "fraqueza" foram alguns dos adjetivos usados por políticos democratas e republicanos para descrever a atuação do presidente.
Brennan fala em traição
O mais duro nas críticas foi o ex-diretor da CIA John Brennan, que acusou o presidente de "roçar a traição". Já o senador republicano John McCain, há muito crítico de Trump, disse que "Trump se comportou de forma abjeta perante um tirano".
Crítica velada de Obama
O ex-presidente Barack Obama, que ontem discursou num evento de homenagem a Nelson Mandela, condenou os políticos que "usam o medo e a mentira" para esconder a realidade.
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