Washington e Paris acreditam que Irão ainda pode evitar sanções da ONU

"Um acordo ainda é possível. Faltam apenas algumas horas", destacou Emmanuel Macron na rede social X, após se reunir com o Presidente iraniano.

25 de setembro de 2025 às 07:47
Conselho de Segurança da ONU Foto: Getty Images
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O Presidente francês e o enviado especial dos EUA para o Médio Oriente sublinharam quarta-feira que o Irão ainda tem hipóteses de evitar sanções da ONU, desde que responda às preocupações sobre o seu programa nuclear.

O grupo E3 (França, Alemanha e Reino Unido) ativou, através do Conselho de Segurança da ONU, o processo para restabelecer sanções pesadas contra o Irão a partir da meia-noite de sábado (01:00 de sábado em Lisboa), acusando o país de não cooperar no seu programa nuclear.

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O chefe de Estado francês, Emanuel Macron, reuniu-se esta quinta-feira com o seu homólogo iraniano, Massoud Pezeshkian, à margem da Assembleia Geral da ONU, e instou-o a "responder às exigências legítimas" apresentadas pelo E3 para evitar sanções que afetariam particularmente os lucrativos setores petrolífero, bancário e financeiro.

"Um acordo ainda é possível. Faltam apenas algumas horas", destacou Emmanuel Macron na rede social X, após se reunir com o Presidente iraniano.

Macron reiterou as exigências com que os europeus não podem ceder, nomeadamente, o "pleno acesso dos inspetores da AIEA ao Irão", a "transparência em relação aos stocks de material enriquecido" e a "retoma imediata das negociações".

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Steve Witkoff, amigo e enviado especial do presidente norte-americano, Donald Trump, para o Médio Oriente, que estava a negociar com o Irão até ao ataque israelita às infraestruturas iranianas, em junho, referiu, por sua vez, que ainda mantém contacto com o Irão, sem especificar se se tratava de contactos diretos ou indiretos, como ocorreu na primavera passada, quando as negociações foram realizadas sob os auspícios do sultanato de Omã.

O Irão está numa "posição difícil" antes da reimposição das sanções, observou Witkoff, garantindo que o Ocidente "não tem qualquer desejo de prejudicar" os iranianos.

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, reuniu-se com os seus homólogos europeus na terça-feira, sem qualquer progresso.

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Embora tenha denunciado a pressão ocidental, manifestou a sua disponibilidade para continuar o diálogo.

Fontes diplomáticas citadas pela agência France-Presse (AFP) adiantaram que foram agendadas novas reuniões para esta quinta-feira, sobretudo com o lado francês.

Desde o palanque da ONU, Massoud Pezeshkian garantiu esta quinta-feira que o seu país não pretende adquirir armas nucleares, rejeitando as acusações ocidentais.

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"Declaro aqui, mais uma vez, perante esta Assembleia, que o Irão nunca procurou nem nunca procurará construir uma bomba atómica. Não queremos armas nucleares", insistiu o Presidente iraniano.

O país que está a perturbar a paz e a estabilidade na região é Israel, "mas é o Irão que está a ser punido", protestou ainda.

Em 2015, a França, o Reino Unido, a Alemanha, os Estados Unidos, a Rússia e a China concluíram um acordo com Teerão, denominado JCPOA, que estabelece um quadro para as atividades nucleares iranianas em troca do levantamento das sanções.

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O acordo, ratificado pela Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, expira em meados de outubro.

Os Estados Unidos, durante o primeiro mandato do Presidente Donald Trump, decidiram em 2018 retirar-se do JCPOA e, posteriormente, reimpor as suas próprias sanções.

O Irão retirou-se posteriormente de certos compromissos, principalmente em relação ao enriquecimento de urânio.

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Na quarta-feira, no palanque da Assembleia Geral, o presidente iraniano mostrou fotografias de pessoas mortas na guerra de 12 dias de Israel contra o Irão, em junho passado.

Teerão defendeu que o ataque fez mais de mil mortos. Os Estados Unidos aderiram à campanha a 22 de junho, atacando várias instalações nucleares iranianas.

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