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Portugal pronto para enviar ajuda a Moçambique

“Estaremos na linha da frente do apoio internacional humanitário”, prometeu o ministro Augusto Santos Silva.

20 de março de 2019 às 01:30
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Portugal pronto para enviar ajuda a Moçambique

O Governo e a sociedade civil portuguesa já se estão a mobilizar para levar ajuda a Moçambique. Esta terça-feira, o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, partiu para aquele país devastado pelo ciclone ‘Idai’, que poderá ter feito mais de mil mortos e afetou mais de 1,7 milhões de pessoas.

"Portugal vai estar na linha da frente do apoio internacional", garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, explicando que o Executivo moçambicano ainda não conseguiu fazer o levantamento da devastação causada pelo ciclone. Para já, estão contabilizadas cerca de uma centena de vítimas mortais mas, segundo o presidente Filipe Nyusi, poderá atingir o milhar.

Enquanto o Executivo moçambicano não define necessidades, instituições da sociedade civil e o governo prepararam a ajuda previsível. Segundo Santos Silva, trata-se de dar apoio humanitário, financeiro e técnico. "Depois, temos os planos de reconstrução, para os quais ainda temos tempo, mas que também é importante.

Também o primeiro-ministro António Costa adiantou ontem que decorrem reuniões entre os ministérios da Defesa e da Administração Interna "para ver como articulamos as nossas capacidades entre proteção civil e Forças Armadas, para poder dar todo o apoio ao nosso povo irmão de Moçambique".

Já o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que Portugal vai "contribuir ao esforço de ajuda e reconstrução", quer de forma direta, quer através da UE e das Nações Unidas.

Entre as instituições que já começaram a recolher apoios conta-se a Cruz Vermelha Portuguesa, que já identificou toneladas de alimentos de longa duração nos armazéns da instituição espalhados pelo País, aguardando apenas a organização de um voo humanitário.

Também a Cáritas Portuguesa, presidida por Eugénio Fonseca, já anunciou que vai enviar 25 mil euros para ajudar, mostrando disponibilidade para mais apoios.

Voluntários vão tentar encontrar portugueses

"Junto da comunidade portuguesa fizemos uma lista com dezenas de nomes de pessoas que estão incontactáveis há, pelo menos, seis dias. Sabemos onde moram e é com essas indicações que vamos tentar resgatá-los ", explicou ao Correio da Manhã Vítor Leal, responsável pela missão e antigo comandante dos bombeiros de Oeiras e Barcarena.

"A zona da Beira é a que mais nos preocupa. Sabemos que há famílias presas em casa sem uma pinga de água para beber e a correr riscos extremamente elevados. Há pessoas há vários dias em árvores à espera de ajuda", disse. Sobre a estimativa de mil mortes provocadas pela passagem do ciclone, Vítor diz que é conservadora: "Pelo que tenho visto arriscar-me-ia a apontar para um número superior. Há dezenas de corpos a boiar na água."

O grupo que vai partir em missão é composto por portugueses funcionários de uma empresa de segurança contra incêndios e, por isso, têm experiência na área dos desastres naturais. No caso de Vítor Leal, leva ainda na bagagem a participação em inúmeras missões em situações de catástrofe, como foi o caso das cheias de 2000 em Moçambique. Para além disso, o grupo conhece bem o terreno.

Vítor lamentou ao CM a demora no apoio internacional, nomeadamente por parte de Portugal: "A Marinha da Índia já cá está a ajudar. Não sei pelo que espera Portugal. Não basta vir um representante. É preciso ajuda."

Pode ser a pior catástrofe no Hemisfério Sul

Mais de 2,6 milhões de pessoas foram diretamente afetadas pelo ciclone ‘Idai’, que pode ser o "pior desastre natural a atingir o Hemisfério Sul", revelou ontem a ONU. Moçambique foi o país mais atingido, com cerca de 1,7 milhões de pessoas afetadas.

O balanço provisório é de 84 mortos, mas pode ultrapassar o milhar. Há várias aldeias submersas e 90% da cidade da Beira foi arrasada.

Mais de 400 mil desalojados

O ciclone ‘Idai’ fez mais de 400 mil desalojados no centro de Moçambique, de acordo com uma estimativa do governo de Maputo e de várias agências humanitárias.

As comunicações são difíceis e ainda não há notícias sobre as zonas mais isoladas da província de Sofala. Há relatos de pessoas presas há vários dias em árvores e telhados, sem comida nem água potável.

SAIBA MAIS 

1975

foi o ano da independência de Moçambique. Guerra civil durou até 1992.

Um dos mais pobres

Moçambique tem cerca de 29 milhões de habitantes e é um dos países mais pobres do Mundo, com quase metade da população a viver em condições de miséria absoluta.

Cheias de 2000

Cinco semanas de chuva entre março e abril de 2000 fizeram mais de 700 mortos.

500 mil vivem na Beira

A cidade da Beira é a quarta maior de Moçambique, com cerca de 500 mil habitantes. 90 por cento da cidade terá sido arrasada pelo ciclone.

Dois mil portugueses

Cerca de dois mil portugueses vivem na região da Beira, a mais afetada pelo ciclone ‘Idai’. Até ontem, o governo não tinha notícia de vítimas portuguesas.

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