Presidente eleito demonstrou o desejo de comprar a ilha coberta de gelo, pela primeira vez, ainda no primeiro mandato, em 2019.
Presidente eleito demonstrou o desejo de comprar a ilha coberta de gelo, pela primeira vez, ainda no primeiro mandato, em 2019.
Donald Trump, presidente eleito norte-americano, volta a manifestar intenções de anexar a Gronelândia aos Estados Unidos da América e não rejeita o uso de poder militar ou económico para fazer pressão à Dinamarca, país ao qual pertence esta ilha rica em minerais.
“A Gronelândia é um sítio incrível e as pessoas irão beneficiar tremendamente se, e quando, se tornar parte da nossa nação”, afirmou Trump, na segunda-feira, numa publicação na Truth Social, rede social criada pela empresa de tecnologia do magnata.
“É um acordo que tem de acontecer”, disse Trump no dia seguinte, quando o filho, Donald Trump Jr, visitou a ilha.
Porém, esta não é a primeira vez em que Donald Trump manifesta interesse em anexar a ilha nem é a primeira vez que um presidente americano tem essa intenção, explica a agência Reuters. Durante a Guerra Fria, a administração de Harry Truman tentou comprar a Gronelândia, quando ainda era uma colónia da Dinamarca, por 100 milhões de dólares em ouro. Mas Copenhaga recusou a proposta.
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A quem pertence a Gronelândia?
Durante mais de 600 anos, a Gronelândia foi uma colónia da Dinamarca, mas agora controla os assuntos internos como um território semi-soberano do reino dinamarquês.
Tornou-se um território formal em 1953, sujeito à constituição dinamarquesa. Qualquer mudança no estado legal requeria uma revisão constitucional até 2009, ano em que a ilha passou a ter maior autonomia. Desde então, possui o direito de declarar independência da Dinamarca a partir de um referendo.
O primeiro-ministro da Gronelândia, Mute Egede, defensor da independência, garante que a ilha não se encontra à venda e o povo é que pode decidir o futuro do território.
Se a ilha se tornar independente, poderá escolher se quer ser associada aos EUA. Uma opção seria criar um pacto de ‘associação livre’ com os americanos, parecido ao das nações do Pacífico- Ilhas Marshall, Micronésia e Palau.
“A Gronelândia fala de se tornar independente da Dinamarca, mas nenhum gronelandês quer trocar para um novo mestre colonial”, afirma Ulrik Pram Gad, investigador especializado em estudos sobre a Gronelândia do Instituto de Estudos Internacionais da Dinamarca, citado pela Reuters. Pram Gad considera difícil votar pela independência sem garantir o bem-estar do povo.
Contudo, os políticos da ilha demonstram, desde 2019, o interesse em fortalecer a cooperação com o país norte-americano.
Aaja Chemnitz, membro gronelandesa do parlamento dinamarquês, rejeita a ideia de pertencer a Trump. "Não quero ser um peão nos sonhos escaldantes de Trump de expandir o seu império para incluir o nosso país", escreveu Chemnitz.
Uma ilha espião
A Gronelândia pertence à NATO, uma vez que a Dinamarca é um estado-membro da aliança. Mas a importância estratégica e militar da ilha é valiosa ao ponto de Trump colocar em causa “o princípio da inviolabilidade das fronteiras”, como lembra o chanceler alemão Olaf Scholz.
Durante a Guerra Fria, a Força Aérea dos Estados Unidos construiu um sistema de comunicações, ao qual chamaram de Sistema de Alerta Antecipado de Mísseis Balísticos, para detetar lançamentos de mísseis da União Soviética. Os americanos contaram com a ajuda do Canadá e da Dinamarca, onde foram colocados alguns dos radares.
Sendo o caminho mais rápido para a Rússia atacar os EUA feito a partir da via do Ártico, a presença de radares na Gronelândia adquire um valor enorme. Atualmente, os militares americanos continuam na base aérea de Pituffik, localizada na costa noroeste da ilha, para melhor controlar o aparecimento de submarinos ou navios russos.
Geograficamente, a Gronelândia faz parte do continente americano e é vital para os Estados Unidos prevenirem que outros ganhem poder sobre a ilha dinamarquesa, explica Pram Gad.
Riqueza escondida pelo gelo
A perda de gelo da ilha do Ártico tem vindo a expor uma grande riqueza em minerais, petróleo e gás natural, mas o desenvolvimento do setor tem sido lento. Ainda há muito por explorar, o que tem levado a uma ‘corrida’ às minas por parte de várias empresas e governos.
Um inquérito de 2023, levado a cabo pela Comissão Europeia, mostrou que 25 dos 34 minerais considerados “matérias-primas cruciais” foram encontrados na Gronelândia. Os 25 incluem quantidades significativas de elementos usados em pilhas, como grafite e lítio, e metais raros utilizados em veículos elétricos e turbinas de vento.
“Os custos de exploração e extração de recursos na Gronelândia são elevados devido às condições climatéricas severas e à falta de infraestruturas”, indicam Tim Boersma e Kevin Foley, investigadores científicos da instituição Brookings, sediada em Washington, nos Estados Unidos da América.
O governo da ilha baniu a extração de petróleo e gás natural por razões ambientais. A dificuldade de desenvolver o setor mineiro manteve a economia gronelandesa dependente da pesca, que constitui 95% das exportações da região, e dos subsídios anuais da Dinamarca. No total, o país europeu gasta pouco menos de mil milhões de euros anualmente na Gronelândia.
O que quer a Dinamarca?
A tensão entre o país e a ilha do Ártico tem vindo a aumentar após as constantes acusações de maus-tratos ao longo da história, desde que a Gronelândia era uma colónia da Dinamarca.
A proposta de Trump, em 2019, para comprar a ilha foi rejeitada pela Dinamarca, aliado próximo dos americanos, e descrita como “absurda” pelo primeiro-ministro Mette Frederiksen.
Face ao novo interesse do presidente eleito norte americano, na terça-feira, Frederiksen afirmou: “Precisamos de cooperação próxima com os americanos”. Mas acrescenta: “Por outro lado, gostava de encorajar toda a gente a respeitar que os gronelandeses são um povo, é o país deles, e só a Gronelândia pode determinar e definir o próprio futuro”.
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