Duas advogadas de defesa sustentam que a mulher estava consciente e deu o consentimento para os atos sexuais. Declarações estão a causar polémica.
Os registos dos abusos cometidos contra Gisèle Pelicot, mulher violada por mais de 50 homens recrutados pelo marido, em França, estão a ser utilizados como elemento para provar que a mulher estava consciente e deu o consentimento para os atos praticados. São 27 imagens de agressões sexuais que duas advogadas de defesa consideram "úteis para esclarecer a verdade", avança a imprensa francesa.
Na quarta-feira passada, 18 de setembro, 27 imagens com Gisèle despida e em posições lascivas foram apresentadas no Tribunal de Avignon. Durante o julgamento, a mulher foi sujeita a várias críticas e acusada pela defesa de "alinhar no jogo sexual do marido".
"Estou a ver que a Sra. Pelicot está acordada e a sorrir. Nem todas as mulheres aceitariam este tipo de fotografia. As imagens mostram que o marido fez um pedido do qual a mulher está perfeitamente consciente. Deduzo que o casal Pelicot estava a jogar um jogo sexual próprio", disse Isabelle Crépin-Dehaene, uma das advogadas de defesa.
Gisèle garantiu que não se lembra de ter tirado tais fotografias e considerou a apresentação do elemento de prova como uma tática da defesa para a "tramar".
"Estão a tentar apanhar-me com estas fotografias, querem mostrar que atraí estes indivíduos para a minha casa e que estava a consentir", apontou a vítima, citada pelo jornal Le Monde.
Isabelle Crépin-Dehaene e Nadia El Bouroumi, as advogadas de defesa que apresentaram as fotografias e colocaram as questões, provocaram reações de indignação na comunidade.
Nadia El Bouroumi, que representa dois dos arguidos, tem-se manifestado particularmente nos últimos dias. Muito ativa nas redes sociais, publicou histórias no Instagram sobre os dias das audiências, dando pormenores e não hesitando em dar a sua opinião sobre o desenrolar do julgamento.
"Distribuímos fotografias de Madame [Pélicot] em posições problemáticas, porque ela disse há alguns dias que nunca tinha participado em nada. Quando viu os vídeos, acho que não estava à espera. Ficou zangada. Peguei no microfone e disse-lhe que era ela que queria que isto fosse público, que agora era uma questão de não se queixar", disse Nadia.
Numa outra história publicada, a advogada filmou-se a dançar ao som da canção dos Wham! "Wake Me Up Before You Go-Go", que em português significa "Acorda-me antes de te ires embora". Esta sequência, interpretada como uma alusão ao julgamento e ao tema da submissão química, suscitou um protesto nas redes sociais.
O marido da vítima, Dominique Pélicot, e os restantes 51 arguidos estão a ser julgados pela violação de Gisèle Pélicot durante um período de quase 10 anos. O principal arguido é suspeito de ter drogado a mulher e de recrutar homens para a violar. A investigação, que se baseou nomeadamente em milhares de vídeos e fotografias dos abusos sofridos pela vítima e filmados pelo seu marido, determinou que a vítima, submetida a uma sujeição química, estava inconsciente no momento dos factos.
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