A edição de hoje
Operação musculada contra a imigração ilegal indigna população. As pessoas já têm medo de sair da casa.
Foi o salve-se quem puder. Uma coisa nunca vista na ‘Cidade dos Anjos’. Agentes do FBI, dos Serviços de Imigração e Alfândegas dos EUA (ICE) e da DEA – unidade antidroga, fortemente armados e apoiados por veículos blindados, realizaram esta sexta-feira uma série de rusgas no centro de Los Angeles, com o objetivo de prender o maior número possível de imigrantes, sobretudo hispânicos. Houve confrontos com ativistas e membros da comunidade, que tentarem impedir as detenções.
Não se sabe ao certo quantos imigrantes foram apanhados, mas foram muitos. “O que estamos a ver é um ataque armado e terrorista coordenado, e não estou a exagerar nos adjetivos, porque o objetivo é criar terror através da detenção de trabalhadores”, disse à agência EFE Ron Góchez, diretor da Unión del Barrio, uma organização que se tem dedicado a alertar para as operações do ICE.
A operação não constituiu propriamente uma surpresa. Foram distribuídos, na véspera, textos pela comunidade alertado para a presença de agentes da Imigração, inclusive em escolas. “Os pais receberam avisos sobre possíveis atividades dos agentes de imigração perto das escolas e tivemos de sair e manter-nos atentos”, disse Góchez.
O que surpreendeu foi a dimensão e os meios envolvidos. Até havia agentes de uniforme camuflado.
As primeiras detenções ocorreram bem cedo, logo às sete da manhã e tiveram como alvo imigrantes que procuravam trabalho numa conhecida loja de materiais de construção na zona de Westlake.
“Estas táticas semeiam o terror nas nossas comunidades e perturbam os princípios básicos de segurança e proteção na nossa cidade. Não vamos tolerar isto”, avisou o presidente da câmara de Los Angeles, o democrata, Karen Bass.
Insatisfeito com os resultados obtidos, até agora, no combate à imigração ilegal, Donald Trump procedeu a vários alterações no ‘modus operandi’ do ICE e definiu objetivos claros: deter, no mínimo, três mil imigrantes por dia, o que dá cerca de um milhão por ano.
O problema é que esta ‘política de arrastão’ tem apanhado trabalhadores que não representam um risco para a comunidade, gerando forte contestação, quer junto das comunidades, quer de responsáveis políticos, gerando o pânico entre todo os que procuraram a América para uma vida melhor.
“As pessoas estão tão aterrorizadas, que não saem de casa. As deportações estão a causar sofrimento emocional porque as pessoas têm medo de serem separadas dos seus, incluindo filhos ou pais”, disse à agência Lusa Renee Saucedo, responsável da associação que está a coordenar a iniciativa, Coligação do Norte da Califórnia para uma Reforma Imigratória Justa.
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