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As vidas que se perderam no mar

Conheça as histórias das pessoas que seguiam no avião da EgyptAir.

19 de maio de 2016 às 18:40

Como é habitual em tragédias similares, rapidamente surgem histórias de coincidências e ironias entre quem, sem o saber, quase escapava ao infortúnio. 

Das 66 pessoas que seguiam no avião da Egyptair que caiu ao mar esta madrugada, começam a emergir as tragédias pessoais de quem terá partido e de quem ficou. 

"O meu primo levou a menina dele com ele. Eles estão mortos, tenho a certeza que ele estão mortos. Não há esperança. Não há qualquer esperança", desespera Fatma, prima de um dos passageiros, entrevistada pelo Telegraph. 

Por entre o drama, o arrependimento. "A mãe da menina pediu-lhe para ele não a levar. Ela implorou-lhe que não levasse a menina. Deve ter sentido que alguma coisa ia acontecer e agora não pára de chorar", declara. 

Poderá não ter sido a única criança a bordo e Sonia, uma funcionária do aeroporto, culpa-se por isso.

"Uma família composta pelos pais e cinco crianças, quatro meninas e um rapaz, apareceu no Terminal 2, onde trabalho. Mas a EgyptAir opera no Terminal 1, por isso ajudei-os a chegar lá. O pai estava a ficar stressado com o tempo porque foi deixado no terminal errado pelo taxista, pelo que liguei para a companhia a pedir para, excessionalmente, esperar por eles", desabafa a assistente. 

"Espero que eles não tenham chegado a tempo... Não consigo deixar de pensar no que aconteceu ontem. Ainda estou em choque", adianta. 

Se não embarcaram, certamente não foram os únicos. Um homem que não se quis identificar mudou de ideias no último minuto e mudou o voo. "Senti-me doente quando ouvi o que aconteceu. Estou muito feliz por estar aqui convosco", disse à BFM TV.

A mesma 'sorte' não sorriu a tantos outros, alguns já identificados. É o caso de Abdulmohsen al-Muteiri, um professor de Economia do Kuwait, que ia ao Cairo para participar numa conferência. Deixa dois filhos. "Falamos com ele antes de embarcar e tudo estava bem. Ele estava entusiasmado por vir ao Cairo", contou Michery el Soheil, sobrinho do professor, aos jornalistas. 

Richard Osman, um geólogo britânico de 40 anos com raízes egípcias, também estará entre as vítimas do malografo voo. Instalou-se em Swansea com o pai há alguns anos e deixa saudades no País de Gales. "Era um rapaz adorável", assegura uma antiga vizinha. Tinha arranjado emprego numa empresa que minava ouro, o que o levava a viajar bastante. Iria, ao que tudo indica, ao Egito a trabalho. Também Sahar Khoja viajava por questões laborais, pois era funcionária da embaixada da Arábia Saudita. "Era uma das melhores empregadas", admitiu Ahmed Kattan, embaixador saudita no Egito.

Outros iam por outros motivos. Uma das pessoas viajava para o Cairo para casar, outro, um estudante militar do Chad, aproveitava uma escala para rumar ao Sudão e despedir-se da mãe, que falecera recentemente.

Também entre a tripulação se começam a deslindar nomes e histórias. Samar Ezzeldin, do grupo de sete 'cabin crew' do voo, era hospedeira há dois anos e tinha acabado de casar. Tinha 27 anos. Com ela seguiam Mervat Zakaria Zaki Mohammed, Atef Loutfi Abdullatif Amin, Youssof Haitham Mustafa Abdul Hamid al-Azizi e Yara Hani Farag Tawfiq, adiantam colegas da EgyptAir, que vão mostrando online o seu choque e pesar. As mesmas fontes adiantam Mohammed Said Shaker era o piloto e Mohammad Ahmed Mamdouh Ahmed Aassem, ambos com milhares de horas de experiência de voo. 

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