Género feminino é o mais afetado pelos problemas que afetam Moçambique, entre os quais a guerra em Cabo Delgado, o analfabetismo e os desafios no sistema de saúde.
Ativistas moçambicanas defenderam esta quinta-feira à Lusa que o envolvimento da mulher em posições cruciais na política em Moçambique é ainda um desafio, alertando para falta de uma agenda verdadeira de igualdade de género entre os partidos políticos do país.
"Temos cada vez mais situações em que as mulheres são a maioria entre as pessoas que se inscrevem para os processos eleitorais [...] Então esta maioria também tem de refletir-se no número de mulheres entre as lideranças", declarou à Lusa a ativista moçambicana Quitéria Guirengane.
Em causa está o facto de entre os mais de 100 cabeças-de-lista aprovados este mês pelos dois maiores partidos moçambicanos que vão concorrer às eleições autárquicas de outubro apenas sete serem mulheres, constatou a Lusa ao analisar as listas da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal força de oposição.
Embora considere prematuro avançar com dados específicos sobre a fraca presença das mulheres entre os cabeças-de-lista das autárquicas de outubro, na medida em que as candidaturas estão ainda abertas até 11 de agosto, Quitéria Guirengane alerta para a falta de uma agenda séria e comprometida com a igualdade de género na política, criticando uma alegada instrumentalização da mulher, principalmente em processos eleitorais.
"É verdade que não basta ter mulheres nas prateleiras políticas para embelezar e nós também não estamos preocupados numa questão de quotas de representatividade, enquanto estas mulheres continuam a obedecer a uma voz de comando de homens que lhes dizem quando falar e o que falar. As mulheres não podem ser meramente números [...] Queremos mulheres que falem por si e que tragam as vozes de outras mulheres", frisou a ativista, lembrando que a economia moçambicana "é carregada por mulheres do setor informal".
Também a ativista Fátima Mimbire alerta para a falta de uma verdadeira agenda de igualdade de género em Moçambique, lembrando que as mulheres são a maioria na composição dos partidos políticos.
"Os partidos políticos continuam a olhar a mulher numa lógica de subserviência. Elas são chamadas para as campanhas eleitorais porque são grandes mobilizadoras, mas naqueles processos cruciais ou estruturantes, como a liderança de uma autarquia, não existe confiança nas mesmas", declarou Fátima Mimbire.
Mas a responsabilidade também é das mulheres, observou a ativista, criticando um alegado comodismo.
"As mulheres têm de sair da posição cómoda em que se encontram", frisou Fátima Mimbire, sustentando que o género feminino é o mais afetado pelos principais problemas que afetam Moçambique, entre os quais a guerra em Cabo Delgado, o analfabetismo e os desafios no sistema de saúde.
"Nós somos um capital humano que está a ser subaproveitado", concluiu a ativista.
Entre os 130 cabeças-de-lista (65 municípios) dos dois maiores partidos de Moçambique -- que lideram todos os atuais municípios do país com exceção da Beira, nas mãos do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que ainda não fechou as candidaturas a estas eleições -, apenas cerca de 5% são mulheres.
Na segunda-feira, a Comissão Nacional de Eleições anunciou que a apresentação das candidaturas para o escrutínio vai decorrer a partir desta quinta-feira e até 11 de agosto.
Cerca de 10 milhões de moçambicanos vão escolher 65 novos autarcas em 11 de outubro próximo, incluindo em 12 novas autarquias, que se juntam a 53 já existentes.
Nas eleições autárquicas de 2018, a Frelimo venceu em 44 das 53 autarquias e a oposição em apenas nove.
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