Ex-presidente brasileiro é o principal arguido no processo por tentativa de golpe instaurado pelo Supremo Tribunal Federal.
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro admitiu esta terça-feira durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) ter mantido encontros com chefes militares no final de 2022 após perder as presidenciais desse ano, mas negou que essas reuniões fizessem parte de um plano para dar um golpe de Estado para se manter no poder. Bolsonaro é o principal arguido no processo por tentativa de golpe instaurado pelo STF e que entre segunda e terça-feira interrogou os oito réus do primeiro dos cinco núcleos em que o tribunal dividiu os 34 acusados.
Segundo Bolsonaro, que foi interrogado por mais de duas horas pelo relator do processo, juiz Alexandre de Moraes, nas reuniões com os comandantes da Marinha, Exército e Força Aérea foram debatidas medidas de excepção. As medidas foram: a decretação do Estado de Sítio, para o caso de haver um agravamento dos conflitos sociais que agitavam o Brasil após as presidenciais, bloqueios de estradas e concentração de milhares de pessoas frente aos quartéis. No entanto, as medidas estudadas, incluindo o Estado de Sítio, estão previstas na Constituição, não são ilegais, e, o antigo presidente acrescentou, todas as medidas aventadas nessas e em outras reuniões foram afastadas logo depois e a transição de governo aconteceu sem problemas.
Num tom muito mais moderado do que o que costumava usar, Jair Bolsonaro tentou justificar todas as acções que levaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) a acusá-lo de tentativa de golpe de Estado e minimizou documentos que supostamente eram uma espécie de cartilha do golpe. O ex-presidente brasileiro afirmou que os documentos não foram produzidos por ele, que lhe foram entregues como sugestão e que, na verdade, eram meras considerações. Sobre os sucessivos ataques às urnas e ao sistema eleitoral, Bolsonaro lembrou que faz essas críticas, não ataques, salientou, desde 2012, quando era deputado e defendia o voto em papel, e, surpreendentemente, pediu desculpa ao juiz Alexandre de Moraes por ter acusado o magistrado de receber “luvas” para fraudar as presidenciais que acabou por perder.
Sobre os actos de 8 de Janeiro de 2023, uma semana após a tomada de posse de Lula da Silva, quando milhares de radicais invadiram e depredaram ferozmente o Congresso, o palácio presidencial e o Supremo Tribunal, Bolsonaro negou veementemente qualquer ligação a esses crimes, que Lula e a PGR dizem ter sido uma nova tentativa de golpe. Lembrando que nesse dia já estava nos EUA, para onde viajou um dia antes do final do seu mandato para não ter de passar a faixa presidencial a Lula. Bolsonaro declarou não ter incentivado essa violência, e acusou criminosos alheios aos seus seguidores concentrados junto ao QG do Exército de terem sido recrutados em outras regiões do país para desencadearem o terror em Brasília e terem fugido nos mesmos autocarros que os levaram à capital brasileira antes de a polícia reagir, deixando somente os seus apoiantes na mira das autoridades.
Além de Bolsonaro, os outros sete arguidos neste processo, entre eles três generais, um almirante e outros ex-auxiliares de alto escalão do antigo chefe de Estado, também tentaram minimizar as suas actuações no presumível plano de golpe, repetindo que somente participaram em encontros informais de pessoas preocupadas e inconformadas após os resultados das presidenciais, e todos negaram qualquer plano ou intenção de ruptura institucional. Agora, o tribunal vai abrir cinco dias de prazo para tanto a acusação quanto os defensores dos arguidos dizerem se pretendem pedir novas diligências no processo, estimando-se, pela inusitada velocidade em que o processo está a ser conduzido por Alexandre de Moraes, que o julgamento seja concluído até final de Setembro.
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