Mônica Benício está a empenhar-se na criação de um movimento para impedir que o candidato do PSL vença as eleições presidenciais.
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A viúva de Marielle Franco afirmou esta sexta-feira, em Lisboa, que se o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, chegasse ao poder no Brasil "seria uma tragédia" para o país e mesmo para as investigações ao assassinato da vereadora brasileira.
Mônica Benício falou esta sexta-feira à Lusa em Lisboa, no Panorâmico de Monsanto, onde participou na homenagem que o Festival Iminente e o artista Vhils prestam à sua companheira, juntando-se à Amnistia Internacional para exigir justiça para o caso do assassinato da vereadora, há seis meses, que chocou o Brasil.
Acabada de chegar da ONU, onde esteve esta semana para pedir à organização internacional que cobre do Estado brasileiro "uma resposta mais veemente para as investigações e um acompanhamento das mesmas" para o caso Marielle, Mônica Benício afirmou em entrevista à Lusa que "se Bolsonaro chegasse ao poder seria uma tragédia, uma vergonha para o Brasil".
Por isso, está a empenhar-se na criação de um movimento para impedir que Bolsonaro vença as eleições presidenciais, em outubro.
"A gente tem uma democracia muito frágil, cada vez mais a gente vem perdendo os nossos direitos. Então hoje estamos disputando estas eleições de forma democrática e legítima e pedindo para que o mundo olhe para o Brasil e cobre para que a nossa democracia seja mantida", afirmou.
O processo, acrescentou, "é de luta e de resistência".
Mônica vê o rumo da política brasileira com muita preocupação: "Existe hoje um cenário muito dramático no Brasil. Existe uma onda de fascismo e conservadorismo no mundo e isso chegou com muita força no Brasil", considerou.
"O candidato que disputa hoje a eleição com a principal intenção de voto é um candidato claramente fascista. E é impressionante ver como é que um candidato que tem um discurso fascista e de ódio pode estar no topo das pesquisas de voto. Que sociedade é esta em que vivemos que acredita que um ser humano com um discurso tão violento pode modificar positivamente o país?", questiona.
Na sua opinião, "se a direita fascista chegar ao poder, a chance de se chegar a um resultado correto das investigações do processo [sobre o assassinato de Marielle] reduzem drasticamente".
"Inclusive pode ser que entregue um resultado qualquer das investigações para que o Brasil fale para o mundo que o caso está resolvido, entregámos, solucionámos e parem de nos perturbar. E isso é o que estou tentando que não aconteça", afirma.
Mas se as eleições no Brasil, cujas duas voltas estão marcadas para 07 e 28 de outubro, forem ganhas por outros candidatos, também não signiifca que as investigações ao caso Marielle sigam o rumo correto, alertou.
"Infelizmente no Brasil a política é feita de alianças, vai depender de quem chegar a poder no Rio de Janeiro e no Brasil".
Assim, a sua luta por uma investigação internacional que garanta a imparcialidade vai continuar, e que envolve uma colaboração com a Amnistia Internacional e já a levou às Nações unidas e à Organização dos Estados Americanos.
Sobre a investigação do caso no Brasil, Mônica Benício afirma que há "uma não resposta" das autoridades: "A gente não consegue sequer saber se as investigações estão caminhando e sequer se estão no caminho correto", disse, considerando "desrespeitoso" o "silêncio do Estado brasileiro".
Mônica acredita que por trás do crime estão "agentes do Estado, figura política, gente com alto poder aquisitivo, que acha que está acima do bem e do mal e de qualquer tipo de julgamento", apontando como argumentos "o rumo das investigações e a sofisticação do crime".
"O crime da Marielle foi um crime político sem precedentes no Brasil, foi muitíssimo bem executado. Errou-se muito pouco neste crime, o que faz também com que as investigações sejam mais dificultadas. Este tipo de crime com esta sofisticação não é comum, com todo o aparato tecnológico, a arma e munições utilizadas, as câmaras sendo desligadas no trajeto que Marielle percorreu com o carro, tem muitos indícios de que foi muito planejado e bem organizado", descreveu.
Além disso, a ativista não recebeu ameaças, pelo que "é muito difícil para qualquer linha de investigação entender o porquê de a Marielle ter sido o alvo", comentou.
Mas, considerou, a vereadora "incomodava muito na política brasileira por ser uma mulher negra, favelada, lésbica, num país gerido por homens brancos, fundamentalistas e racistas, LGBTfóbicos".
Além disso, "era uma figura em ascenção na política brasileira, era uma mulher com um carisma absurdo, com um indíce de rejeição muito baixo".
Por isso, continuou, "ela representava um perigo para o cenário político do Brasil, porque estava a renovar [no sentido de uma] política baseada nos afectos, feita para as pessoas".
"E isso incomoda bastante o poder brasileiro. Então acho que esse é um dos motivos que pode ter estado por trás do crime de Marielle", sustentou.
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