Dos 1,3 mil milhões de africanos, 600 milhões não têm acesso a eletricidade.
A Câmara Africana de Energia (CEA) defendeu este sábado que a transição energética tem de levar em conta as necessidades de África, apontando Angola como exemplo de boas práticas na transição energética que pode demorar décadas.
"Se África for pressionada para cumprir os calendários externos relativos às alterações climáticas e não puder usar internamente os seus recursos de petróleo e gás, e tiver de mudar para as renováveis antes de estar pronta, isso criará um fardo financeiro injusto para os países africanos, para além de problemas económicos significativos", escreveu o presidente da CAE, NJ Ayuk, numa nota enviada à Lusa.
"Por todo o continente, os países africanos enfrentam uma insistência dramática de vozes do Ocidente para pararem as atividades de petróleo e gás e mudarem imediatamente para fontes de energia renovável", acrescenta, avisando, no entanto, que isso é impossível e prejudicial ao continente que menos contribui para a emissão de gases poluentes.
Com mais de 1 milhão de barris bombeados todos os dias, 8 mil milhões de barris em reservas petrolíferas e 11 biliões de pés cúbicos de reservas de gás, "Angola é um país rico em recursos, convenhamos", escreve o presidente da organização destinada a promover os investimentos energéticos em África.
No texto, NJ Ayuk elogia o Governo pelas reformas que "preparam o caminho para a diversificação económica num contexto de transição para energias renováveis" e diz que "Angola tem uma oportunidade de mostrar ao mundo que os combustíveis fósseis podem desempenhar um papel significativo no caminho para a energia verde".
A utilização de gás natural como combustível de transição é defendida, mas "sem a energia do petróleo e gás para financiar as novas iniciativas, energias verdes como a solar corem o risco de falhar, prejudicando milhões de angolanos que já vivem em pobreza energética".
O país, aponta, precisa de tempo, porque "não é realista pensar que ao limitar a produção de petróleo, Angola vai simplesmente adotar energia verde no dia a seguir porque o processo demora anos, se não décadas", avisa.
"Para a transição energética ser justa, Angola tem de ter tempo para capitalizar os esforços atuais, e tem de desenvolver a sua indústria de renováveis a uma velocidade que torne o país mais forte, fechar uma das principais fontes de receita não empurra Angola para as renováveis mais depressa, antes abranda o progresso porque o país fica sem capital para financiar essa iniciativa", conclui Ayuk.
Milhares de especialistas, ativistas e decisores políticos reúnem-se a partir de domingo em Glasgow na 26.ª cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26), com o objetivo principal de travar o aquecimento do planeta.
As alterações climáticas são, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, o maior problema da humanidade, e vão afetar dramaticamente o futuro se nada de substancial for feito.
As emissões de gases com efeito de estufa, que os países tentaram controlar no Acordo de Paris de 2015, mas que continuam a aumentar, estão já a afetar o clima e a natureza das mais diversas formas, segundo os cientistas.
Em África, as necessidades energéticas estão estimadas em 700TW (terawatts), o que é 4.000 vezes mais do que os 175GW (gigawatts) de capacidade eólica e solar que o mundo inteiro adicionou em 2020, por isso "África não se pode industrializar recorrendo apenas à energia solar e eólica", apontam os economistas.
Dos 1,3 mil milhões de africanos, 600 milhões não têm acesso a eletricidade, e a Agência Internacional da Energia estima que o número suba 30 milhões devido à pandemia de covid-19.
Há 48 países na África subsaariana, excluindo a África do Sul, que emitem apenas 0,55% das emissões de CO2, mas sete dos 10 países mais vulneráveis às alterações climáticas estão nesta região.
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