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Centenas de mulheres birmanesas vendidas como noivas e violadas para terem filhos

Relatório revela que jovens birmanesas eram trancadas em salas na China onde decorriam os abusos.

23 de março de 2019 às 12:02

São centenas de jovens birmanesas descritas como "noivas" para família chinesas num relatório de 112 páginas intitulado "dê-nos um bebé e deixamo-la ir" da organização Human Rights Watch. A pesquisa de três anos revela crimes de tráfico humano em que centenas de mulheres eram vendidas, em muitos casos pelas próprias famílias, a famílias chinesas como "noivas". Uma vez na China, eram trancadas e violadas por vários homens até que engravidassem. O relatório sublinha a ineficácia dos governos da Birmânia e China para evitar que estes crimes acontecessem. De acordo com o documento, as mulheres de Kachin e Shan, estados da Birmânia, são traficadas para a China pela fronteira norte do país onde nasceram. O relatório é baseado em entrevistas a 37 sobreviventes e familiares da comunidade local e oficial da Birmânia e descreve como as vítimas confiavam nas promessas de trabalho indicadas por familiares e conhecidos que acabavam por vende-las por 2.600 a 11.500 euros a famílias na China. Heather Barr, co-diretora dos direitos das mulheres da Human Rights Watch e autora do relatório acusa os dois países de 'desviarem o olhar'. 

"A escassez de meios de subsistência e a proteção básica dos direitos tornaram estas mulheres presas fáceis para os traficantes, que têm poucas razões para temer a aplicação da lei em ambos os lados da fronteira", aponta Heather Barr.

Uma mulher vendida quando tinha 16 anos relata como tudo aconteceu."A família levou-me para um quarto. 

Naquele quarto, fui amarrada e t

rancaram a porta por um ou dois meses. 

Quando chegava a hora das refeições, eles mandavam a comida para o quarto. Eu chorava... Cada vez que um chinês me levava as refeições, violava-me", conta a birmanesa.

As sobreviventes afirmam ainda que as famílias chinesas pareciam mais interessadas em ter um bebé do que uma "noiva". Quando as mulheres e meninas traficadas davam à luz um bebé, muitas conseguiam escapar, mas geralmente às custas de deixar o filho para trás. Tinham pouca esperança de ver a criança novamente. 

Quando regressavam à Birmânia, as sobreviventes enfrentavam o trauma e o estigma enquanto tentavam reconstruir as suas vidas.

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