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Chineses escravizam jovem no Brasil

Agentes que libertaram a jovem ficaram chocados com as condições em que a vítima vivia.

25 de setembro de 2014 às 13:17

A Polícia Federal brasileira libertou, na terça-feira, uma jovem chinesa de 23 anos que era mantida como escrava por um casal, ambos também chineses, no sótão de uma loja em Araçatuba, no interior do estado de São Paulo. Em informações avançadas ao Correio da Manhã na quarta-feira pela Polícia Federal, a corporação adiantou que a chinesa era mantida em cativeiro há um ano e era obrigada pelo casal a suportar condições desumanas.

Os próprios agentes que libertaram a jovem ficaram chocados com as condições a que a vítima era submetida. A chinesa dormia no chão, coberto com papelão, no armazém do segundo andar do estabelecimento, no meio das mercadorias, num "quarto" minúsculo improvisado com tapumes de madeira num canto do recinto, que não possui casa de banho, janelas ou qualquer outro tipo de ventilação, tendo que suportar, além de tudo o mais, temperaturas muito elevadas.

Ainda segundo os dados fornecidos ao CM pela corporação, a jovem não era autorizada a usar a casa de banho do andar inferior, tendo que recorrer a baldes, o mesmo tipo de recipiente onde bebia água. A comida – tomate e frango encontrados no sótão – era deixada no chão, pois no local não existiam mesas, pratos ou talheres.

O casal chinês, dono da loja de bijutarias do rés-do-chão do imóvel e da empresa de produtos importados que fica nos andares superiores, foi preso pelo crime análogo à escravidão. Na quarta-feira, segundo a informação dada ao CM pela Polícia Federal, o casal de chineses foi enviado para duas cadeias diferentes no interior de São Paulo, a de Penápolis e a de General Salgado.

Pelo que a polícia apurou até agora, a jovem chinesa escravizada viajou para o Brasil para trabalhar na loja de bijutarias e poder pagar uma dívida que os pais tinham contraído na China com o casal agora preso. Mas, ao chegar, viu o passaporte retido pelos patrões, foi mandada para o sótão e nunca recebeu o ordenado prometido, com parte do qual pretendia ir amortizando a dívida dos pais, que ficaram na China.

Os outros funcionários da loja sabiam da existência da jovem e tinham pena dela pela forma como era tratada e por ser proibida de ir à casa de banho ou de comer com os outros, mas preferiram não interferir. Os patrões alegavam que a menina era sobrinha deles e que estavam a ajudá-la. Como a estrangeira não fala português, ninguém tinha a certeza do que realmente se estava a passar até terça-feira, quando uma denúncia anónima de suposto contrabando fez a polícia invadir o imóvel, altura em que encontrou e libertou a jovem.

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