Medidas que criou permitiram ao SNS brasileiro preparar-se para receber milhares de infetados por covid-19, mas Bolsonaro sempre atacou as suas opções.
O secretário de Estado de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, deixa esta segunda-feira o Ministério da Saúde brasileiro por discordância insuperável com as ordens do presidente Jair Bolsonaro sobre o combate à pandemia de Coronavírus. Wanderson, um epidemiologista reconhecido internacionalmente, estava há 16 anos no Ministério da Saúde e foi o braço-direito do ex-ministro da pasta Luiz Henrique Mandetta, demitido em 17 de Abril por Bolsonaro por contrariar a posição do presidente quanto ao fim do isolamento social e do uso de Cloroquina como formas de combater o Coronavírus.
O secretário, que já tinha apresentado demissão no final da gestão de Mandetta mas aceitou ficar no cargo temporariamente para ajudar o novo ministro, Nelson Teich, que também se demitiu dias atrás, foi o criador da política brasileira de combate à pandemia que deu tão certo até Bolsonaro tomar o Ministério da Saúde de assalto e nomear para a pasta mais de duas dezenas de militares sem qualquer experiência na área. Wanderson desenvolveu uma política de Saúde baseada em soluções não farmacológicas e no distanciamento social como principais formas de reduzir o ritmo de propagação do Coronavírus no Brasil.
Essa política deu muito certo e permitiu ao SUS, Sistema Único de Saúde, o equivalente no Brasil ao SNS português, preparar-se minimamente para receber os milhares de infectados pela Covid-19, apesar dos ataques cerrados de Jair Bolsonaro a essas orientações, principalmente às medidas de quarentena adoptadas por governadores e autarcas por todo o país. Após a saída de Luiz Henrique Mandetta, e, um mês depois, de Nelson Teich, a curva de propagação do Coronavírus teve uma ascensão descontrolada, e as mortes diárias, que no tempo de Mandeta raramente chegavam às 200, passaram para mais de mil a cada periodo de 24 horas, levando os hospitais públicos ao colapso e custando muitas vidas de cidadãos inocentes.
Formado em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, Wanderson de Oliveira fez doutorado na área em famosas universidades dos EUA e da Europa e tornou-se um dos mais respeitados especialistas brasileiros no combate a grandes epidemias. Apesar da permanente falta de recursos na área da Saúde e do gigantismo do Brasil, o agora ex-secretário de Estado de Vigilância em Saúde já tinha conseguido excelentes resultados no controle das epidemias de h1n1, de Zika e de Chigungunya que assolaram o Brasil na última década, e estava a alcançar resultados muito positivos também com o Coronavírus, mas considerou que não dava para continuar a lutar quando o próprio presidente da República boicota o trabalho que ele e toda a esforçada equipa do ministério faziam.
Com a propagação do Coronavírus totalmente fora de controle, e com os militares que agora controlam a pasta sem saberem o que fazer, o Brasil ultrapassou este domingo a marca de 350 mil infectados por Covid-19, chegando a mais de 360 mil casos e tornando o país o segundo do mundo com mais registos. O número de mortes confirmadas pela doença também disparou, aproximando-se este domingo das 23 mil.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.