Os filmes animados clássicos da Disney 'Peter Pan', 'Dumbo' e 'O Livro da Selva' passaram a ter avisos para o espectador de que
contêm representações desatualizadas, estereotipadas e ainda racistas.
Os avisos aparecem na plataforma de streaming Disney+ quando os produtos audiovisuais antigos são selecionados.
"Este programa inclui representações negativas e/ou maus tratos de pessoas ou culturas. Esses estereótipos estavam errados na época e estão errados agora. Em vez de remover o conteúdo, queremos reconhecer o seu impacto prejudicial, aprender com ele e iniciar conversas para criarmos juntos um futuro mais inclusivo",
pode ler-se na mensagem que aparece no ecrã antes de o filme começar.
Se o espetador se dirigir aos Detalhes de cada filme, pode ler o resto da mensagem: "A Disney está empenhada na criação de histórias com temas inspiradores e aspiracionais que reflitam a riqueza da diversidade da experiência humana em todo o mundo".
Esta medida depois de, há poucos meses, surgir um caso relacionado com o clássico do cinema norte-americano E Tudo o Vento Levou. Na altura surgiu o rumor de que o filme, baseado no livro com o mesmo nome de Margaret Mitchell, publicado em 1936, e que contava com Viven Leigh e Clark Gable nos papeís principais, iria ser removido da plataforma de streaming HBO. No entanto, a empresa tinha apenas decidido retirar temporariamente o filme do seu catálogo para proceder à introdução de uma contextualização histórica ao filme de 1939.
"Estas representações racistas eram erradas naquela época e são erradas hoje, e achamos que manter este filme sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria irresponsável", informou em junho a HBO.
Mas porque foram contextualizados estes filmes em particular?
Dumbo (1941) - a história do pequeno elefante orelhudo que consegue voar foi acusado de ter representações racistas no bando de corvos. Na versão americana, os animais têm vozes afor-americanos exageradamente carregadas. O líder desse bando chama-se Jim Crow [uma brincadeira com o apelido "Corvo"] que foi um dos principais segregacionista daquela altura, nos Estados Unidos da América;
Peter Pan (1953) - o menino que não queria crescer morava na Terra do nunca, um lugar repleto de piratas e outros meninos que se recusavam a crescer. Mas havia também nativo-americanos que eram tratados por "peles vermelhas", uma designação que entretanto caiu em desuso e considerada ofensiva;
A Dama e o Vagabundo (1955) - dois gatos siameses bastante maus são representados com características asiáticas que têm sido altamente criticadas, bem como a representação de vários dos cães de diferentes raças, com atitudes esterotipadas (e estão todos presos num canil);
O Livro da Selva (1968) - Mogli, Baguera e Balú vivem, segundo o autor da obra, Rudyard Kipling, na Índia. É então de estranhar a presença de um orangotango - o Rei Louie - com traços de afro-americano que canta canções num estilo de jazz chamado dixie , muitas vezes associado ao racismo praticado no sul dos EUA, no pré Guerra Civil;
Os Aristogatos (1970) - na banda de jazz de Thomas O'Malley há um gato que toca piano e que é bastante semelhante aos siameses d'A Dama e o Vagabundo e que fala num sotaque estereotipado de um asiático.