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Empresários moçambicanos consideram rapto de português "grande golpe" à economia

Empresários pedem ainda o rápido esclarecimento e medidas ao Governo.

08 de outubro de 2025 às 17:28

Empresários moçambicanos consideraram esta quarta-feira o recente rapto de um cidadão português em Maputo, no sexto sequestro este ano, como um "grande golpe" aos esforços de recuperação económica do país, pedindo o rápido esclarecimento e medidas ao Governo.

A Confederação das Associações Económica (CTA) de Moçambique refere, em comunicado, que este novo rapto "constitui um grande golpe aos esforços de recuperação económica a que investidores e empresários de diversa origem vêm envidando para tirar o país do marasmo económico", recordando tratar-se do sexto caso do género registado este ano.

Em causa está o rapto de um empresário português na manhã de terça-feira na baixa de Maputo, em frente ao seu estabelecimento comercial, por um grupo de quatro pessoas, ainda não identificadas, que seguiam numa viatura branca e sem chapa de matrícula, o primeiro caso do género conhecido publicamente desde junho.

Para a CTA, esta ocorrência "vem agudizar os receios dos investidores" em direcionarem os seus investimentos no país, afirmando que a insegurança, o terror e instabilidade "são armas que atentam contra um ambiente de negócios saudável e atrativo para os investimentos".

"A CTA deplora que este criminoso sequestro do empresário português (...) ocorra num momento em que, em sede do diálogo público-privado, se esteja num processo de identificação das principais barreiras aos investimentos", refere-se, apontando estar também em preparação a edição de 2025 da Conferência Anual do Setor Privado, que pretende recolocar o país no centro das atenções dos principais investidores internacionais.

A confederação insta as autoridades competentes, em particular as Forças de Defesa e Segurança, para "empregarem de todos os esforços e medidas de inteligência para o rápido esclarecimento deste caso", e o "retorno urgente e seguro do empresário", pedindo também o "desmantelamento total de todas as redes responsáveis pelos crimes de raptos e sequestros, para a devolução imediata da confiança e segurança do ambiente de negócios" em Moçambique.

"A CTA insta o Governo de Moçambique a implementar medidas imediatas, no quadro das suas atribuições, para estancar definitivamente o clima de medo, de terror e a insegurança que caracterizam o ambiente em que vive a nossa classe empresarial, incluindo o alastramento de atos de terrorismo que afeta a província de Cabo Delgado", acrescenta.

O Governo moçambicano diz ter sido informado do rapto do empresário português em Maputo, aguardando pela atuação das forças de segurança, sublinhando progressos para controlar este tipo de crime no país.

Numa 'nota verbal' enviada às missões diplomáticas e organizações internacionais no país, a Embaixada da Ordem Soberana Militar de Malta em Moçambique confirmou que o cidadão português, de 69 anos, é casado com a Encarregada de Negócios daquela representação, aguardando pelo desfecho deste caso.

A polícia moçambicana disse na terça-feira que foram "despachadas equipas multissetoriais" na cidade de Maputo e arredores para localizar o empresário, que também tem a nacionalidade moçambicana.

Este é o primeiro caso conhecido publicamente desde 21 de junho, quando um cidadão libanês, proprietário de uma farmácia, foi raptado no seu interior, no centro de Maputo. Em fevereiro, um luso-moçambicano foi raptado por um grupo de quatro pessoas armadas na Polana Caniço, também em Maputo.

As autoridades policiais moçambicanas anunciaram, em 12 de junho, que o número de raptos em Maputo caiu para metade nos primeiros cinco meses do ano, com quatro casos, contra oito em igual período de 2024.

A polícia moçambicana registou, até março de 2024, um total de 185 raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, indicam os últimos dados avançados pelo Ministério do Interior.

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