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Especialistas consideram que drones sobre Alemanha representam "ameaça a médio e longo prazo"

Na noite passada, o tráfego aéreo foi suspenso durante nove horas no aeroporto de Munique devido ao sobrevoo de drones.

03 de outubro de 2025 às 13:21

Os voos de drones sobre infraestruturas críticas na Alemanha são uma "ameaça a médio e longo prazo", mas, no caso de um ataque vasto, "não existiria atualmente uma defesa adequada", consideram especialistas.

Na noite passada, o tráfego aéreo foi suspenso durante nove horas no aeroporto de Munique devido ao sobrevoo de drones de origem desconhecida, disse um porta-voz da Polícia Federal da Alemanha à agência de notícias France-Presse.

Em 26 de setembro, foi avistado um grupo de drones sobre o estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, com a Dinamarca, a Estónia e a Polónia a registarem casos semelhantes.

"Os voos de drones sobre infraestruturas críticas, instalações militares e transportes militares têm claramente como objetivo recolher informações e inteligência sobre essas instalações, bem como sobre os padrões de reação alemães", considera o especialista em segurança Hans-Jakob Schindler, em declarações à agência Lusa.

"Isto não representa um perigo físico imediato, mas caso haja um confronto militar, tais informações seriam muito valiosas para um adversário. Portanto, embora não seja uma ameaça física imediata, é uma ameaça a médio e longo prazo", aponta o diretor do projeto "Counter Extremism".

Para o responsável pela previsão estratégica e análise de risco na Universidade de Bona, Joachim Weber, a ameaça de drones na Alemanha é omnipresente há cerca de dois anos.

"Houve repetidos avistamentos acima de campos de treino das forças armadas e quartéis, instalações marítimas, bem como acima de agências governamentais. Mas até aos recentes acontecimentos em Copenhaga, tudo isso não era realmente discutido em público, por isso, mais uma vez, não foi o alerta que chegou tarde, mas os políticos que continuaram a dormir", indica o especialista.

Depois de avistados os drones no norte da Alemanha, o governo, liderado por Friedrich Merz, declarou que pretendia autorizar as forças armadas (Bundeswehr) a abater estes dispositivos.

Joachim Weber defende que o sistema de segurança alemão assente nas forças armadas (Bundeswehr) necessita de uma "reforma estrutural significativa" e considera que, em caso de um ataque a grande escala, "não existe atualmente uma defesa adequada".

"Os drones são da competência dos Länder (estados federados), mas é necessária uma transferência constitucional de competências para a polícia federal de fronteiras ou para as forças armadas. O equipamento necessário para tal deve ser adquirido imediatamente e sem mais demoras. Uma maior procrastinação resultará em infraestruturas críticas altamente vulneráveis", alerta o especialista.

Hans-Jakob Schindler concorda e explica que os procedimentos relativos à defesa contra esses voos de drones ainda não estão bem regulamentados na Alemanha. Há uma discussão para atribuir de forma geral às Bundeswehr a tarefa de assumir essa função, mas ainda não foi tomada uma decisão final.

"Além do esclarecimento dos mandatos legais - quem está autorizado a tomar quais medidas e com que nível de força - também existem algumas lacunas tecnológicas nos sistemas de defesa contra drones que precisam ser preenchidas (...) A Alemanha ainda não está idealmente preparada para enfrentar os desafios existentes em relação aos drones no país", conclui.

O aeroporto de Munique esteve encerrado durante nove horas, tendo sido reaberto esta manhã. 17 voos com partida da cidade alemã terão sido cancelados na noite de quinta-feira, afetando quase três mil passageiros. Outros 15 voos foram desviados para os aeroportos alemães de Estugarda, Nuremberga, e Frankfurt ou para o aeroporto de Viena, capital da Áustria.

No domingo, as Forças Armadas da Dinamarca anunciaram ter avistado drones sobre instalações militares do país, pelo segundo dia consecutivo, depois de várias violações do espaço aéreo europeu por aeronaves russas nos últimos dias.

O surgimento de drones levou o aeroporto de Copenhaga a encerrar o tráfego aéreo durante cerca de quatro horas em 22 de setembro, causando atrasos a aproximadamente 20 mil passageiros.

As autoridades dinamarquesas suspeitaram de possíveis ligações à Rússia, mas Moscovo negou estar envolvido.

Estes incidentes acontecem após a incursão de drones russos também na Polónia e na Roménia, além da aproximação de caças russos ao espaço aéreo da Estónia.

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