Novo plano tarifário inclui um mínimo global de 10% e impostos a partir de 15% para os países que apresentem um excedente comercial com os EUA.
O novo plano tarifário dos Estados Unidos (EUA), que entra em vigor na quinta-feira, levará, segundo especialistas, a uma inflação mais elevada nos EUA e a um período prolongado de enfraquecimento económico noutras regiões, incluindo a Europa.
Os EUA começam a aplicar a partir de quarta-feira o seu novo plano tarifário, que inclui um mínimo global de 10% e impostos a partir de 15% para os países que apresentem um excedente comercial com os EUA.
No caso da União Europeia, no final de julho, foi alcançado um acordo comercial com os EUA, embora na terça-feira o Presidente Donald Trump tenha ameaçado impor tarifas de 35%, caso o bloco não invista os 600 mil milhões de dólares que aceitou injetar na economia norte-americana.
Especialistas da consultora financeira Lazard, citados pela EFE, acreditam que os termos do acordo mencionado entre os EUA e a União Europeia são "menos severos" do que os "inicialmente apresentados pelo governo norte-americano", mas alertaram que parecem conduzir a um menor crescimento no "Velho Continente" e a uma inflação mais elevada nos EUA, bem como a uma redução das margens de lucro das empresas em ambas as economias.
O potencial aumento da inflação nos EUA levará a Reserva Federal (Fed) a manter as taxas de juro este ano, segundo a Lazard, que prevê também uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) do país, "porque as tarifas provavelmente reduzirão o rendimento real dos trabalhadores, uma vez que os preços sobem mais rapidamente do que os salários".
Os especialistas acreditam também que uma aplicação mais rigorosa das leis de imigração reduzirá o crescimento potencial do PIB dos EUA para 1,2% a 1,5% ao ano.
Neste sentido, os analistas Jorge Alonso Ortiz e José María Da Rocha, da Fundação para os Estudos Económicos Aplicados (Fedea), quantificaram o impacto imediato do novo plano tarifário dos EUA na economia global.
Se Trump aplicar uma tarifa uniforme de 10% sobre as importações, o PIB global poderá ser reduzido em 0,70% e o PIB dos EUA em 0,82% durante o primeiro ano.
Já se os EUA aumentarem a tarifa sobre o Canadá e o México para 25%, a Europa para 15% e a China para 145%, o PIB global poderá contrair 3,38% e o PIB dos EUA até 3,78%.
Os analistas alertaram ainda que uma "espiral de retaliação" através de tarifas provavelmente duplicaria os danos económicos.
"As tarifas dispersam a atividade, encarecem o consumo interno e reduzem o rendimento real do país que as impõe", salientaram, vincando que "o maior prejudicado numa guerra comercial é quem a inicia".
Por seu turno, a gestora de ativos Muzinich&Co alertou ainda que a curva de juros das obrigações norte-americanas reflete a crescente preocupação do mercado de que a economia dos EUA possa estar a entrar num ambiente de estagflação.
"Os modelos económicos sugerem que, a longo prazo, a economia norte-americana se contrairá cerca de 0,4%, de acordo com as projeções da gestora de ativos, enquadradas no contexto da política tarifária.
Neste sentido, Patrick Artus, consultor económico sénior da Ossiam, subsidiária da Natixis IM, alertou que a inflação nos EUA vai aumentar "significativamente" devido às tarifas, embora indique que será uma situação temporária, e não permanente.
Desta forma, o consultor vê como cenário mais provável uma inflação subjacente de cerca de 3,4% no final do ano.
Já Chris Iggo, diretor de investimento da gestora de fundos AXA IM, apontou que a incerteza comercial pode estar a diminuir à medida que os EUA chegam a acordos com os seus principais parceiros, mas realçou que o seu impacto começa a refletir-se no aumento da inflação.
Segundo Iggo, na Europa, as tarifas serão um entrave ao crescimento, embora taxas mais baixas e um possível estímulo da política orçamental alemã devam permitir uma ligeira melhoria nos próximos trimestres.
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