"É preferível lutar até ao fim", disse o estudante.
Um dos líderes estudantis que protestam contra o Governo sérvio, Dimitrije Dimic, admite temer ser morto por desafiar o regime de Aleksander Vucic, mas garantiu que não irá parar de lutar pela democracia no país.
"Tenho muito medo, tenho medo de ser morto por isto, mas é preferível lutar até ao fim", disse o estudante em entrevista à agência Lusa na qualidade de um dos finalistas do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2025, que é entregue no Parlamento Europeu em Estrasburgo, França.
O movimento estudantil, que se estendeu por todas as camadas da sociedade, surgiu após o desabamento de um telhado na estação de comboios de Novi Sad, que matou 16 pessoas em 01 de novembro de 2024, e a repressão a estes protestos deixou as pessoas receosas de falar.
"As pessoas às vezes têm medo de falar em público sobre qualquer coisa, têm medo de dizer a sua opinião, devido à atmosfera que foi criada, onde qualquer um pode ser um agente do Serviço Secreto", sublinhou o estudante numa entrevista à Lusa.
Dimic acusou o Governo de Belgrado de usar 'spyware' para escutar os telefonemas de qualquer pessoa desde líderes da oposição, a "agricultores, ativistas e estudantes".
"Há anos que nós falamos sobre isto, mas não havia provas concretas. Agora existem muitas provas de que isto está a acontecer. A espionagem, a paranóia, a atmosfera que foi criada na Sérvia é horrível", adiantou Dimic, apontando para várias investigações do Balkan Investigative Reporting Network (BIRN), um projeto independente de jornalismo de investigação sérvio.
Apesar do reconhecimento por parte da União Europeia (UE) da luta pela democracia, o estudante concorda com a opinião de alguns dos seus colegas quando apontam o dedo aos 27 por pouco fazerem para mudar o curso dos acontecimentos em Belgrado.
"Sinto profundamente que a União Europeia nos abandonou para sermos derrotados e silenciados pelo regime autoritário da Sérvia. Neste momento, nós estamos no Parlamento [Europeu]. Nós fomos nomeados e eu vim aqui como um dos nomeados, as pessoas estão a reparar, mas isso não é suficiente", admitiu.
"Tudo está bem aqui, nós somos respeitados e bem-vindos como parte da Europa, mas quando eu volto para casa ainda tenho de ter cuidado para não ser morto", salientou Dimic.
No panorama da liberdade de imprensa, o líder estudantil ilustrou a forma como o regime de Vucic controla os meios de comunicação: "Nós temos na Sérvia o que se chama de frequência nacional e ela tem cinco televisões. Todas as cinco são uma voz para o regime", indicou.
Além da televisão existem os tabloides como o Informer, "uma ferramenta de propaganda para o Governo" segundo Dimic, e que estão diretamente ligados a casos de incentivo à violência consumada.
A reitora da Faculdade de Filosofia da Universidade de Nis foi esfaqueada numa manifestação e a pessoa que a esfaqueou justificou o ataque afirmando que leu no Informer que "esta senhora era um inimigo", afirmou o estudante.
Ainda assim, Dimic destacou o trabalho de vários jornalistas independentes, mas lamentou a sua falta de alcance, uma vez que as frequências nacionais gratuitas são dominadas pelos canais "que propagam a retórica do Governo".
Os ataques a jornalistas têm aumentado e o líder estudantil não tem dúvidas de que ser jornalista na Sérvia é "um trabalho perigoso".
"Nós costumávamos dizer na brincadeira, uma brincadeira de mau gosto, que se vestíssemos um colete de imprensa, o colete de alta visibilidade, seríamos automaticamente um alvo", disse.
"Nós somos jovens que querem justiça e estamos prontos para fazer qualquer tudo para obtê-la", resumiu.
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