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Forja o próprio sequestro e acaba presa

Professora de 23 anos enviou fotos em que surgia amordaçada e exigiu resgate de 600 euros.

14 de maio de 2017 às 09:59

Uma professora do ensino público da cidade de Sobral, estado do Ceará, no Brasil, foi presa por forjar o próprio sequestro e exigir um resgate de 2 mil reais, montante que não chega aos 600 euros. Daiane Souza Silva, de 23 anos, foi encontrada esta quarta-feira dentro de um barraco, no centro da cidade onde vive. Além da jovem, também o dono do imóvel onde se escondeu, de nome Michel Platini Farias Rodrigues, ficou detido por agir como cúmplice.

Daiane saiu de casa na terça-feira à noite e avisou os familiares de que iria para a casa do namorado. Horas depois, por volta das 21h00, ligou à irmã e, a chorar, disse que tinha sido sequestrada.

Num pranto, explicou que não tinha conseguido chegar à casa do namorado devido ao rapto. "Nós só soubemos do suposto sequestro no dia seguinte, por volta das 7h00, quando a irmã veio até à esquadra registrar a ocorrência" conta o inspetor Leonardo Menezes. No telemóvel, a irmã tinha fotos de Daiane amordaçada, além de áudios dos supostos sequestradores. "Logo em seguida, saímos em diligências para encontrá-la. Encontrámos a Daiane ao fim do dia", refere o inspetor da Polícia Civil de Sobral.

Traída pelas fotos e mensagens de áudio que enviava

Num ficheiro em áudio enviado para o telefone da irmã, a própria professora gravou uma mensagem em que fingia ser a sequestradora. Tentou alterar a voz, identificou-se como pertencente a um grupo de criminosos e falou com uma linguagem propositadamente descuidada.

"Nós tâmo com a gata aqui, mano. Nós quer dois mil real pra soltar ela. É nós que manda. Ela tá aqui com nós. Nós pegou o dinheiro dela e nós quer dois mil real em 24 horas pra soltar a gata. Se meter os homem aí no meio, o negócio vai ferver pra ela, sacou maluco? Nós vamos ficar aqui falando com vocês no zap zap gata. Não perde tempo não, m’ermão. Se não o negócio não vai prestar", podia ouvir-se no áudio.

Segundo o inspetor, a polícia desconfiou imediatamente dos contornos do sequestro. Contudo, a família da jovem mostrava-se muito aflita com o seu desaparecimento.

"Desde o início, estranhamos este sequestro. É um valor de resgate muito baixo e a vítima mantinha muito contato com a família por áudio", revela o polícia. A irmã e o namorado da suposta vítima estavam desesperados, mas a mãe de Daiane manteve-se na sua cidade, a tomar conta da filha de Daiane, que tem três anos. "Os colegas de trabalho da professora já tinham feito uma vaquinha para pagar o resgate", acrescenta.

Daiana Silva foi encontrada porque o local onde tirou as fotografias que enviava foi reconhecido.

"Fomos até um local de culto religioso que ela frequenta e mostrámos as imagens às pessoas, para saber se alguém reconhecia o local ou havia visto a Daiane. Um rapaz reconheceu a casa pelo frigorífico e deu-nos a morada. Quando chegámos, Daiane estava a deixar o local com o Michel" – revelou o inspetor.

As motivações de Daiane

No depoimento à polícia, Daiane disse que a família a menosprezava e que o sequestro era uma forma de chamar à atenção.

"Ela alegou que tudo não passou de uma brincadeira e que forjou o sequestro para chamar a atenção da família. Disse que ninguém lhe dava atenção. O namorado nem quis falar com ela quando chegou à esquadra de tão irritado que estava. A irmã só sabia chorar e gritar 'por que fizeste isto? E a tua filha?'. Ela ainda disse que sofre de depressão e que tem problemas psicológicos. Nós ainda vamos avaliar", referiu o agente da autoridade.

Daiane Silva e Michel Platini vão responder pelo crime de extorsão qualificada. A pena varia entre os quatro e os dez anos de prisão.

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