Temperatura foi a mais baixa registada este ano na cidade,
Dezenas de milhares de pessoas que vivem nas ruas da maior e mais rica cidade do Brasil, São Paulo, tiveram o seu sofrimento aumentado na madrugada deste sábado, 17 de Junho, quando a temperatura oficial baixou em alguns pontos a 4 graus.
Foi a temperatura mais baixa registada este ano na cidade, que no entanto já há vários dias tem sofrido com uma vaga de frio intenso que vai continuar na próxima semana.
De acordo com o CGE, Centro de Gerenciamento de Emergências, da edilidade paulistana, a temperatura de 4,3 graus foi registada na estação meteorológica do bairro Capela do Socorro, na zona sul, mas no resto da cidade também não foi muito acima disso.
Foi a temperatura registada pelos equipamentos, protegidos numa sala dentro da estação, mas a sensação térmica, ou seja, aquilo que as pessoas realmente sentem, foi com certeza ainda mais baixa.
Fica até difícil para quem não está nessa dramática situação imaginar e descrever o impacto de uma temperatura perto dos zero graus em quem passou a noite na via pública, deitado sobre um papelão húmido pela chuva que caiu a semana toda e coberto com algum cobertor esfarrapado doado. Mas foi esse o drama vivido na madrugada deste sábado por dezenas de milhares de homens, mulheres, crianças e muitos idosos que vivem ao relento numa cidade que, de acordo com os próprios dados oficiais tornados públicos, está com os cofres a abarrotar.
60 MIL PESSOAS AO RELENTO
A edilidade paulistana admite que atualmente podem estar a viver nas ruas até 24 mil seres humanos carenciados de tudo, em muitos casos famílias inteiras que durante a pandemia da Covid-19 perderam emprego e casa e nunca mais conseguiram reerguer-se, mas esse número não é levado a sério pelas entidades que, dentro das suas limitações, tentam atenuar como podem ao menos um pouco o flagelo desses brasileiros.
Estimativas não oficiais mas consideradas mais próximas da realidade dão conta de que nas ruas de São Paulo vivem atualmente entre 58 mil e 60 mil pessoas, um número superior ao total de habitantes de cidades importantes.
Numa resposta pífia, na madrugada deste sábado o governo mandou abrir um abrigo de emergência na estação D. Pedro II do Metropolitano, na região da Sé, no centro de São Paulo, mas com somente irrisórias 100 vagas, que mesmo sendo tão poucas nem foram todas preenchidas. É que os "Sem tecto" a que essas vagas foram destinadas podiam até levar para o abrigo os seus animais de estimação, como cães, por exemplo, mas não podiam levar as carroças ou os carrinhos de supermercado onde geralmente pessoas que vivem nas ruas guardam o quase nada que possuem e, claro, poucos foram os que arriscaram deixar os seus pertences para trás e correr o risco de os verem roubados.
VIOLÊNCIA E INDIFERENÇA
Os abrigos públicos, que a autarquia paulistana afirma terem capacidade para aceitar até 24 mil pessoas, também não costumam ficar lotados, porque os "Sem tecto" queixam-se de serem maltratados pelos funcionários, da violência entre frequentadores e dos horários em que têm de entrar e depois de sair, ficando novamente ao relento pela indiferença do poder público e das regras excessivamente duras.
Organizações não governamentais e cidadãos solidários que agem isoladamente ajudam no que podem, fornecendo refeições, roupas e cobertas ao longo das madrugadas, quando procuram os moradores de rua nos pontos de concentração habituais, o que ajuda nos dias normais mas não resolve grande coisa numa vaga tão intensa de frio como a que a cidade vive há vários dias.
Com temperaturas tão baixas como as desta madrugada, nem os "privilegiados" que contam com a frágil proteção de uma tenda de campismo doada ou um abrigo improvisado com lençóis e plástico conseguem suportar parados, e a solução é andar de um lado para o outro, arrastando mulher, filhos e idosos para não congelarem. Ou engrossarem o número dos que já morreram de frio e cujas mortes não são reconhecidas pelas autoridades, que as atribuem a outras causas, eximindo-se de responsabilidades.
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