Medida acarreta enormes riscos para os pacientes.
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O general Eduardo Pazuello, imposto pelo presidente Jair Bolsonaro como número 2 da pasta e ministro interino da Saúde do Brasil, vai assinar na próxima semana uma portaria tornando obrigatório no serviço público de saúde do país o uso da polémica substância Cloroquina no tratamento do coronavírus. A recusa em adotar essa medida face aos enormes riscos que a Cloroquina apresenta para os pacientes levou à demissão dos dois últimos ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, demitido por Bolsonaro em 17 de Abril, e Nelson Teich, que, pelo mesmo motivo, tomou a iniciativa de deixar o cargo esta sexta-feira, 15.
Mandetta e Teich, médicos reconhecidos pelo seu trabalho, um no serviço público e o outro na iniciativa privada, recusaram terminantemente obedecer a Bolsonaro e fizeram o Ministério da Saúde manter o protocolo criado pelo primeiro, que permite o uso da substância mas só para doentes graves e, mesmo assim, se este ou a família assinarem um documento autorizando e garantindo estarem cientes dos riscos. Já Pazuello, um militar considerado linha dura e que não tem qualquer conhecimento ou responsabilidade na Saúde, até por ter atuado ao longo de toda a carreira na área de logística, já deixou claro que vai obedecer a Bolsonaro.
Como militar, Pazuello tem uma noção muito forte de hierarquia e, se o presidente dá uma ordem, ele cumpre. Além disso, como não é da área de Saúde, não corre o risco que Mandetta e Teich corriam de poderem ser responsabilizados pelo Conselho Federal de Medicina, o equivalente no Brasil à Ordem dos Médicos portuguesa.
Antes da demissão de Teich, que ficou no cargo apenas 27 dias, Pazuello já pressionava nos bastidores para que o então ministro assinasse o protocolo autorizando o uso em massa da Cloroquina, mas o então seu chefe recusou, usando como argumento inúmeros estudos internacionais que não comprovaram a eficácia da substância no combate ao Coronavírus e, pior, evidenciaram um forte aumento de mortes por problemas cardíacos em pacientes que a usaram. Agora, sem ministro e sob a ordem direta de Jair Bolsonaro, Pazuello vai poder agir e técnicos do ministério avançaram que o protocolo já está em fase final e deve ser publicado nos próximos dias, estrategicamente antes de o presidente escolher um novo ministro para a área, para não correr o risco de enfrentar mais resistência à medida.
Imitando Donald Trump, que no início da pandemia de coronavírus nos Estados Unidos indicou a substância como se fosse quase milagrosa, Bolsonaro lançou a ideia da Cloroquina um dia depois e defende que ela seja usada não apenas nos casos mais graves e sim maciçamente em todos os doentes, graves e leves, e até em pessoas assintomáticas, como prevenção à Covid-19, a doença que o vírus provoca. Trump curvou-se às evidências científicas e deixou de apoiar o uso da Cloroquina, mas o brasileiro mantêm-se irredutível, preferiu perder dois ministros do que mudar de ideias e, mesmo sem ser médico e sem poder receitar seja o que for, tem distribuído caixas do medicamento a ministros e assessores durante reuniões e até a simpatizantes, o que, levado ao pé da letra, pode ser considerado crime de exercício ilegal da Medicina.
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