Um dos fuzilados no ataque tinha fortes laços familiares com um casal de deputados federais de esquerda.
O Governo Federal brasileiro começou a investigar a possibilidade de o fuzilamento com dezenas de tiros de três médicos de São Paulo, na madrugada desta quinta-feira, num bar do Rio de Janeiro em frente ao hotel onde estavam hospedados e onde participariam, esta quinta-feira, num congresso internacional ter sido um crime político. Essa hipótese está a ser apurada com cautela, mas é uma das linhas de investigação que ganham mais força, principalmente porque um dos médicos fuzilados no ataque tinha fortes laços familiares com um casal de deputados federais de esquerda com forte atuação contra milícias e traficantes no Rio de Janeiro.
O ortopedista Diego Ralph Sousa Bonfim, de 35 anos, uma das vítimas fatais do ataque, é irmão da deputada federal Sâmia Bonfim, do Partido Socialismo e Liberdade, PSOL, eleita por São Paulo, e cunhado do marido dela, o também deputado federal Glauber Braga, do mesmo partido mas eleito pelo Rio de Janeiro. Glauber tem uma forte atuação política em áreas dominadas por milícias, e sofre constantes ameaças de morte tanto por parte destes grupos paramilitares formados por polícias corruptos e assassinos de aluguer, quanto por parte de quadrilhas de traficantes ligadas ao crime organizado.
A hipótese que está a ser aventada, por enquanto com muito cuidado, pois ainda não há elementos que a comprovem, é que Diego tenha sido o alvo dos assassinos, como retaliação às atuações de Sâmia e, principalmente, de Glauber contra o crime organizado e as milícias que dominam grande parte do Rio de Janeiro. Não se vislumbrava até final da manhã, horário brasileiro, uma hipótese mais forte, até porque as vítimas dedicavam-se exclusivamente à medicina; não tinham, que se saiba, grandes ligações ao Rio de Janeiro e tinham acabado de chegar à cidade, o que afastava igualmente a hipótese de rixa com alguém.
Mostrando que essa hipótese não é mera especulação e está a ser levada a sério, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enviou ao amanhecer desta quinta-feira para o Rio de Janeiro o secretário de Estado da Justiça, Ivan Capelli, para acompanhar o caso de perto. Dino também ordenou à Polícia Federal, que está sob sua tutela, para oferecer à Polícia Judiciária do Rio de Janeiro todo o apoio necessário, quer em equipamentos ou meios humanos, sem, por enquanto, intervir directamente na investigação, que é responsabilidade dos agentes fluminenses.
A Câmara dos Deputados, em Brasília, também está a movimentar-se, e espera-se que ainda esta quinta-feira parlamentares solicitem a federalização da investigação, ou seja, que ela saia da alçada da polícia do Rio de Janeiro, alvo de denúncias de falta de estructura e, pior, de que está contaminada com pessoas ligadas a milícias, e passe a serda responsabilidade da Polícia Federal. A polícia de São Paulo, cidade onde os três médicos trabalhavam no setor de ortopedia do Hospital das Clínicas, o maior hospital da América do Sul e ligado à Universidade de São Paulo, também enviou, ainda de madrugada, uma equipa formada por dois inspetores experientes e quatro agentes para reforçarem a investigação no Rio, neste caso a pedido da polícia local.
Os três médicos foram brutalmente metralhados perto das 1h00 desta quinta-feira, pelo horário local, 5h00 em Lisboa, quando confraternizavam num bar em frente ao Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde esta quinta-feira participariam num congresso internacional de ortopedia com médicos de várias partes do mundo. Três criminosos saíram de repente de um carro branco, dirigiram-se diretamente à mesa onde estavam os quatro médicos de São Paulo (o outro ficou gravemente ferido) e dispararam dezenas de tiros contra eles.
O bar estava lotado àquela hora, em grande parte por médicos de diversos países que aproveitavam a noite bastante quente para confraternizarem um pouco entre si num local que parecia seguro, um bar em frente ao hotel e num bairro nobre do Rio. Foi claramente uma execução, um crime encomendado, como já definiu a polícia do Rio de Janeiro, pois nada foi levado, afastando a hipótese de assalto, e os criminosos ignoraram completamente a multidão em redor dos médicos, não atacando nem mesmo ameaçando qualquer outra pessoa no local.
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