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Candidato a deputado ligado a milícia é abatido a tiro em rua do Rio de Janeiro

Polícia ainda não sabe a motivação do assassínio, se está ligada à candidatura de Jerominho ao Congresso Nacional.

05 de agosto de 2022 às 16:17

Um dos políticos mais conhecidos do Rio de Janeiro, o ex-vereador e agora candidato a deputado federal nas eleições de Outubro Jerónimo Magalhães Filho, de 73 anos, foi assassinado a tiro numa rua da zona oeste daquela cidade brasileira. Jerominho, como era conhecido o veterano político, acusado de comandar a milícia que domina a região onde foi morto, foi atingido numa das pernas e no abdómen por tiros de arma de guerra e, mesmo socorrido ao Hospital Oeste D’Or, não resistiu aos ferimentos.

O ataque, gravado por câmaras de videovigilância, ocorreu pouco depois das 15 horas locais desta quinta-feira, 19 horas na capital portuguesa, na Rua Guandu do Sapé, no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Quando Jerominho e um cunhado, que ficou ferido mas está fora de perigo, estacionaram o carro em frente a uma instituição que era presidida pelo político, um outro automóvel parou de repente e dele saíram três homens empunhando espingardas de uso militar e começaram a disparar, fugindo logo após se certificarem de que tinham atingido o seu objetivo.

Jerónimo Guimarães Filho era acusado de, juntamente com o irmão, o ex-deputado Natalino Guimarães, ter fundado e comandar a organização criminosa "Liga da Justiça", a maior e mais sangrenta milícia armada do Rio de Janeiro. Essa milícia, formada por polícias, ex-polícias e criminosos comuns, controla pela força das armas quase toda a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, forçando os moradores a pagar uma suposta taxa pela sua segurança, a comprarem garrafas de gás, água mineral, internet e eletricidade clandestinas com a organização, controla o mercado imobiliário e o transporte alternativo, igualmente ilegais, e é responsável por dezenas, talvez centenas de mortes nas últimas duas décadas.

Jerominho, ele próprio um ex-polícia, foi um dos primeiros políticos que a milícia conseguiu eleger, nos anos 90, ameaçando moradores se os indicados pelo grupo criminoso não fossem eleitos, e foi eleito e reeleito vereador, tendo anunciado em Janeiro passado ser candidato a deputado. Ele foi um dos 225 acusados de ligação a milícias pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que investigou o envolvimento de autoridades a organizações criminosas, e foi preso inúmeras vezes acusado de vários crimes, a mais recente no início deste ano, mas a legião de advogados que cerca a família Guimarães sempre conseguiu libertá-lo.

A polícia ainda não sabe a motivação do assassínio, se está ligada à candidatura de Jerominho ao Congresso Nacional ou às atividades ilícitas de que era suspeito. Após as mortes de alguns operacionais históricos pela polícia ou por grupos rivais, a "Liga da Justiça" enfrenta uma violenta disputa interna pelo comando da organização.

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