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Justiça brasileira manda governo reforçar buscas por jornalista inglês e guia desaparecidos na Amazónia

Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira estão desaparecidos desde domingo quando navegavam no Rio Ituí, no Vale do Javari.

09 de junho de 2022 às 23:50

Uma juíza federal brasileira determinou esta quarta-feira ao governo do presidente Jair Bolsonaro que reforce imediata e substancialmente os meios envolvidos na busca ao jornalista inglês Dom Phillips e ao guia brasileiro Bruno Araújo Pereira, desaparecidos domingo quando navegavam no Rio Ituí, no Vale do Javari, uma das regiões mais remotas da Amazónia depois de sofrerem ameaças de invasores ilegais da área. O governo do presidente Jair Bolsonaro tem sido acusado de omissão e de pouco empenho nas buscas, que entraram esta quarta-feira no quarto dia sem qualquer resultado.

Na sua decisão, a juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, da I Vara Cível Federal do Amazonas, determinou aos órgãos federais, nomeadamente Forças Armadas, Polícia Federal e Força Nacional, o envio imediato para a região do desaparecimento de mais equipas de busca e mais meios. A magistrada cita principalmente a obrigatoriedade do envio de helicópteros, uma reivindicação feita desde o dia do desaparecimento pelos familiares de Dom e de Bruno, uma vez que a região onde desapareceram é vastíssima e só com helicópteros será possível cobrir toda a área.

Os órgãos federais, que dependem de Bolsonaro, que já mostrou a sua contrariedade criticando o jornalista e o guia por terem ido àquela área da Amazónia ouvir denúncias da presença de invasores armados, têm feito muito pouco para ajudar a encontrar os desaparecidos. As buscas têm ficado a cargo principalmente de indígenas e ribeirinhos que vivem na região, uma enorme área de selva amazónica cortada por centenas de rios, riachos e estreitos cursos de água cobertos por vegetação, ajudados por meios e efetivos das forças locais, como a Polícia Civil (Judiciária) e a Polícia Militar do Amazonas.

A Marinha, que até terça-feira tinha enviado para a região somente uma pequena embarcação e sete homens, reforçou esta quarta-feira o efetivo com mais duas embarcações e mais militares, após uma chuva de críticas. Mas os meios foram assim mesmo considerados insuficientes e pouco adequados para o tipo de busca que seria necessário.

Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira tinham ido à região do Lago do Jaburu entrevistar indígenas que denunciaram a invasão das suas terras por grupos fortemente armados que se dedicam ao garimpo ilegal, à extração ilegal de madeira e a outras atividades prejudiciais à Natureza, como a pesca predatória com grandes e modernas embarcações. Os dois desapareceram quando, terminada a série de entrevistas, regressavam de lancha para a cidade de Atalaia do Norte, onde nunca chegaram.

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