O novo coronavírus, responsável pela infeção pela doença Covid-19, está a perder potência e a tornar-se muito menos letal. Quem o afirma é o médico italiano Alberto Zangrillo, responsável pela Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital San Raffaele, em Milão, precisamente na Lombardia, região profundamente afetada pela Covid-19 naquele país.
"Na realidade, o vírus já não existe clinicamente em Itália", defende o especialista em entrevista à RAI, explicando que "os testes recolhidos nos últimos 10 dias mostram que a carga viral, em termos quantitativos, é absolutamente infinitesimal, quando comparada com testes feitos há um ou dois meses". Massimo Clementi, director do Laboratório de Microbiologia e Virologia do Hospital Wan Raffaele, acrescenta que "a capacidade de replicação do vírus no mês de maio está mais fraca do que o verificado em Março".
Numa altura em que Itália se prepara para levantar algumas medidas e restrições, o médico Alberto Zangrillo considera que alguns especialistas foram demasiado alarmistas quanto à possibilidade de uma segunda vaga de infeções e considera que o poder político deve ter em conta esta nova realidade verificada pelos estudos que o hospital tem levado a cabo.
"Temos que voltar a ser um país normal. Alguém tem que se responsabilizar por estar a amedrontar o país", diz o médico. Já o governo italiano pede cautela e considera que ainda é prematuro clamar vitória.
"Enquanto se aguarda prova científica que suporte a tese de que o vírus desapareceu, peço que os que dizem que têm a certeza, que não confundam os italianos. Devemos sim convidar os italianos a manter a máxima precaução e cuidados, manter o distanciamento social, evitar aglomerados de pessoas, lavar frequentemente as mãos e usar máscaras", escreve a sub-secretária do Ministério da Saúde, Sandra Zampa, em comunicado.
Apesar da cautela do Ministério da Saúde Italiano, outro médico italiano relata também à agência Ansa, que o vírus está a enfraquecer. Matteo Basetti, chefe do departamento de Doenças Infecciosas do Hospital San Martinbo, em Genoa, esclarece que "a potência e a força que o vírus tinha há dois meses não é a mesma".
"Claramente que a Covid-19 é uma doença diferente hoje", finaliza.