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Imigração, diversidade e tarifas na mira de Trump

Imigrantes podem ser detidos em igrejas e escolas.

23 de janeiro de 2025 às 01:30

A Administração Trump levantou a proibição de deter imigrantes ilegais junto a escolas e igrejas e suspendeu de funções milhares de funcionários federais que trabalham nos programas de promoção da diversidade, dando seguimento às medidas prioritárias do novo Presidente, que esta quarta-feira voltou a ameaçar a China e a UE com a imposição de tarifas comerciais.

Depois do dilúvio de decretos assinados nas primeiras horas de mandato, na segunda-feira, Trump prosseguiu em velocidade de cruzeiro a sua missão de mudar a face da América, aprovando uma série de diretivas e memorandos, principalmente nas aéreas da imigração e da diversidade. Uma dessas diretivas anula a proibição de deter imigrantes ilegais junto a escolas, igrejas, hospitais e outras “áreas sensíveis”, em vigor há mais de uma década. “Os criminosos vão deixar de poder esconder-se nas escolas e nas igrejas para evitar a detenção”, afirma um comunicado do Departamento de Segurança Interna.

Ainda no campo da imigração, Trump ordenou ao Departamento de Justiça para abrir “investigações criminais” contra todos os funcionários federais que recusarem cumprir as ordens para deter e deportar imigrantes ilegais, numa tentativa de evitar possíveis objeções legais ou de consciência.

Trump ordenou ainda a suspensão imediata de funções - já a partir do final do dia desta quarta-feira - de milhares de funcionários dos programas de promoção da Diversidade, Equidade, Inclusão e Acessibilidade (DEIA) instituídos pela anterior Administração e que visam promover a igualdade de oportunidades de mulheres, pessoas de minorias étnicas e pessoas LGBTQ. Trump revogou ainda uma série de medidas governamentais de defesa destas minorias, algumas das quais remontam à Administração do Presidente Lyndon B. Johnson, em 1965, e ameaçou ações judiciais contra as empresas privadas e universidades com contratos com o Estado que insistirem no que até agora era conhecido como “discriminação positiva”.

Trump voltou ainda à carga com a questão das tarifas, sobre a qual não tinha feito referência no primeiro dia de mandato, provocando um alívio relativo nos mercados. O novo Presidente garante que o assunto não está esquecido e, depois de ter ameaçado o México e o Canadá com tarifas de 25% já a partir de 1 de fevereiro, visou agora a China e a UE. “Temos um défice de 350 mil milhões com a União Europeia. Eles tratam-nos muito mal, por isso vão levar com tarifas”, afirmou, confirmando ainda que a sua Administração está a estudar a imposição de uma taxa inicial de 10% a todos os produtos importados da China como retaliação pela exportação de fentanil, opioide que entra nos EUA através do México e do Canadá e que causa a morte a cerca de 300 norte-americanos por dia.

500 mil milhões para a inteligência artificial 

Donald Trump anunciou na terça-feira à noite o “maior investimento na área da inteligência artificial” através de uma parceira com as multinacionais OpenAI, criadora do ChatGPT, SoftBank e Oracle, e que visa dar a liderança mundial no setor aos EUA. 

O projeto, denominado Stargate, conta com um investimento de 500 mil milhões de dólares por parte das três multinacionais e inclui a construção de vários ‘data centers’ espalhados pelos EUA e a criação de mais de 100 mil empregos.

Presentes na assinatura do protocolo, os presidentes executivos das três multinacionais – Sam Altman, da OpenAI, Larry Ellison, da Oracle, e Masayoshi Son, da SoftBank – elogiaram Trump e garantiram que não teriam avançado com o projeto se ele não tivesse vencido as eleições, isto apesar de os planos iniciais remontarem à anterior Administração e alguns dos ‘data centers’ já estarem em construção.

“Este será o projeto mais importante da nossa era”, disse Altman, enquanto o líder da Oracle mencionou possíveis utilizações na área dos registos de saúde digitais e no tratamento de doenças como o cancro, possivelmente através do desenvolvimento de vacinas personalizadas.

O protocolo foi assinado um dia depois de Trump ter revogado por decreto a ordem executiva do antecessor, Joe Biden, que visava reduzir os riscos de uma inteligência artificial sem controlo para os consumidores, os trabalhadores e a segurança nacional.

PORMENORES

Sermão “aborrecido”

Trump insurgiu-se nas redes sociais contra o sermão “aborrecido” e “pouco inspirador” da bispa anglicana Mariann Edgar Budde, que defendeu os imigrantes e os direitos dos gays e transexuais no Serviço Nacional de Oração. “É uma pessoa desagradável”, disse Trump.

Acusada rejeita perdão

Uma apoiante de Trump condenada pelo assalto ao Capitólio rejeitou o perdão presidencial, que considerou “um insulto”, e acusou o novo Presidente de “tentar reescrever a História”.

Fundador da ‘rota da seda’

Donald Trump perdoou Ross Ulbricht, condenado a prisão perpétua por criar o site ‘Silk Road’ (‘Rota da Seda’), um gigantesco mercado negro online de venda de droga e armas.

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