Presidente brasileiro no Hospital do Exército, no dia em que a Câmara dos Deputados vota na denúncia contra ele.
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O presidente brasileiro Michel Temer teve alta depois de ter sido internado num hospital da Brasília com uma indisposição na manhã desta quarta-feira. Segundo informação da jornalista Andréia Sadi, da Globo News, Temer foi levado do Palácio do Planalto para o Hospital do Exército.
Michel Temer, de 77 anos, esteve no Centro Cirúrgico daquele hospital para ser sujeito a "um procedimento", segundo O Globo.
De acordo com fonte do PMDB, citada pela Folha de S. Paulo, o presidente foi àquele hospital para uma consulta que estava marcada, mas não adiantou o estado de saúde de Temer. Há ainda informações que dão conta de que a questão de saúde que levou Michel Temer ao hospital não está relacionada com os problemas cardíacos do presidente brasileiro.
Temer desperdiça 6700 milhões públicos para se manter no cargo
Como Temer é chefe de Estado, as denúncias tiveram de ser enviadas pelo Supremo Tribunal ao parlamento, sem a autorização do qual o tribunal não pode levar o presidente a julgamento. Na primeira denúncia, já rejeitada, Michel Temer foi acusado de corrupção, e, na segunda, que vai ser decidida esta quarta-feira, é acusado de formação de organização criminosa e de obstrução à justiça, em todos os casos por supostamente ter pedido e recebido milhões em "luvas" da empresa JBS, líder mundial na produção de proteína animal, e de ter avalizado o dono da empresa, Joesley Batista, a comprar testemunhas e subornar juízes.
Pelas contas feitas pela imprensa e por opositores, só em perdões e reduções de dívidas concedidos por Temer nos últimos dias a grandes empresários e proprietários de terras, entre eles dezenas de deputados, senadores e outros políticos para conseguir votos contra a denúncia em julgamento esta quarta-feira, os cofres públicos vão perder 3200 milhões de euros, isto num momento em que faltam verbas até para áreas essenciais, como saúde e segurança pública. Além disso, em apenas um mês, o presidente concedeu diretamente a deputados que prometeram apoiá-lo na votação de hoje nada menos de cerca de 300 milhões de euros para projetos e obras desses parlamentares nos seus estados de origem.
Para conseguir o apoio do número de deputados necessário à rejeição da denúncia, o que lhe permitirá continuar no cargo, Temer contrariou até a opinião dos seus ministros da área económica, frontalmente contrários a perdões de dívidas e a novos financiamentos, num momento em que o que se pretendia era exatamente cortar drasticamente os gastos. O presidente retirou inclusive o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, do já anunciado pacote de privatizações, para agradar ao partido que atualmente controla a área que gere os aeroportos públicos, e irritando bastante a iniciativa privada, que o disputava acirradamente.
Os valores estimados pela imprensa e pela oposição como o gasto ou deixado de arrecadar por causa desta segunda denúncia contra Temer é ainda maior do que os 3200 milhões de euros calculados quando ocorreu a primeira denúncia, rejeitada pelo parlamento em Agosto, também após o governo esbanjar recursos públicos em agrados aos aliados. Com isso, juntando as duas denúncias, os depauperados cofres públicos brasileiros ficaram mais pobres cerca de impressionantes 6700 milhões de euros para permitir a um governante que tem apenas 3% de aprovação popular, segundo o Ibope, se manter no cargo.
Votação tensa
A oposição recorreu ao Supremo Tribunal Federal tentando suspender a sessão e desmembrar a votação, para que os deputados votassem um a um e não em conjunto os casos de Temer e dos dois ministros, Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, mas os pedidos foram negados. Mesmo assim, os opositores, que no início da sessão estenderam no plenário da Câmara dos Deputados uma faixa com os dizeres "Fora Temer", vão fazer de tudo para arrastar os trabalhos o mais possível, aumentando o desgaste para o presidente.
Para a oposição conseguir aprovar a denúncia e levar Temer a julgamento no Supremo Tribunal, o que, automaticamente, o afastaria do cargo, precisa conseguir os votos de ao menos 342 deputados, dois terços do total de 513, algo que parece, se não impossível, extremamente improvável. Já Temer, que na rejeição da primeira denúncia, em Agosto, conseguiu os votos de 263 deputados, precisa apenas de 172 votos, um a mais do que um terço, para impedir que a oposição alcance os dois terços.
Se conseguir evitar que a oposição alcance os votos necessários, Temer fica livre das acusações enquanto ocupar o cargo de presidente. Só após o final do mandato, que termina em 31 de Dezembro de 2018, o processo poderá ser retomado e Temer, atualmente com 77 anos, poderá então ser levado a julgamento.
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