Quando o velório foi aberto ao público, após uma cerimónia reservada à família, cerca de duas mil pessoas aguardavam no exterior.
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Milhares de fãs profundamente emocionados enfrentaram sem reclamar a chuva, por vezes torrencial, e o frio que se tem feito sentir estas quinta e sexta-feira na cidade brasileira de São Paulo para prestarem homenagem e darem o último adeus ao apresentador Gugu Liberato, falecido uma semana atrás após uma queda na sua própria casa na região de Orlando, no estado norte-americano da Flórida. O sepultamento de Gugu será no final da manhã desta sexta-feira, horário brasileiro, no Cemitério Gethsêmane, no bairro do Morumbi, zona sul da capital paulista.
Quando o velório foi aberto ao público, perto do meio-dia desta quinta-feira, após uma cerimónia privada reservada à família, cerca de duas mil pessoas já aguardavam no lado de fora da Assembleia Legislativa de São Paulo, em frente ao Parque Ibirapuera, onde o corpo do apresentador foi velado. Algumas tinham chegado um dia antes e muitas delas viajaram de outras cidades e até de outros estados brasileiros para se despedirem do apresentador que alegrou tantos milhões de pessoas com os seus programas e a sua inesgotável alegria ao longo de décadas.
A companheira de Gugu, a médica Rose Miriam di Matteo, os filhos de ambos, João Augusto, de 18 anos, e as gémeas Sofia e Marina, de 15, e a mãe do apresentador, a portuguesa Maria do Céu Moraes, de 92 anos, ficaram várias horas ao lado do caixão e tiveram de ser amparados várias vezes por amigos e outros familiares por causa da emoção e da tristeza do momento. A mãe do apresentador ficou o tempo todo na cadeira de rodas que usa devido à fragilidade física por causa da idade e era visível a profunda dor que sentia pela perda do filho.
Mesmo durante a madrugada gelada desta sexta-feira os fãs continuaram a passar pelo corredor de grades formado em redor do caixão para o último adeus ao apresentador, que também foi homenageado por uma legião de artistas, apresentadores, políticos e outros famosos, que ficaram numa área mais reservada. Quando o velório terminar, o corpo de Gugu Liberato será levado em carro aberto num cortejo de mais de 10 km por ruas da zona sul de São Paulo até ao cemitério, onde o sepultamento também será aberto ao público, com quem ele em vida gostava de ter tanta proximidade.
Morte precoce
Gugu, de seu nome completo António Augusto Moraes Liberato, nasceu no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 10 de Abril de 1959, filho de um casal de emigrantes portugueses. A sua morte precoce foi confirmada sexta-feira, 22 de Novembro de 2019, depois de dois dias antes, na quarta, 20, ele ter sofrido um acidente que, em outras circunstância, não teria provocado mais do que a fractura de um tornozelo ou, no máximo, da bacia.
O apresentador, que tinha conseguido cinco dias de folga após mais uma gravação no Brasil, viajou de São Paulo, onde fica a TV Record, onde agora trabalhava, para a região de Orlando, para onde anos atrás tinha ido viver com a companheira e os filhos e onde passava todos os momensos em que não estava a trabalhar. Ao chegar no final da tarde de quarta-feira e saber que o ar condicionado da enorme residência não funcionava, subiu ao forro da habitação para tentar resolver o problema.
Não se sabe em que circunstâncias, mas Gugu aparentemente pisou numa parte de gesso que não suportou o seu peso e caiu na sala do andar de baixo, de uma altura de quase quatro metros. Essa queda não seria fatal não fosse o facto de o apresentador ter caído de cabeça e ter batido violentamente com o crâneo por duas vezes, primeiro na ponta de um móvel de ferro e depois no chão.
Levado já em estado muito grave para um hospital em Orlando, a 27 minutos da casa onde vivia numa pacata cidade da região, os médicos já quarta-feira diagnosticaram que o estado dele era irreversível e que os danos no cérebro do famoso apresentador não permitiam nem mesmo que se fizesse uma intervenção cirúrgica. Dois dias depois, após a chegada da mãe, que apesar da idade avançada fez questão de ir aos EUA para ficar ao lado do filho nos últimos momentos dele, os médicos confirmaram a morte do apresentador, que, por vontade dele, teve os órgãos retirados para doação.
Depois de demorados trâmites legais nos Estados Unidos, o corpo de Gugu Liberato foi transladado de Orlando para São Paulo, onde chegou ao amanhecer desta quinta-feira. Ele vai ser sepultado no jazigo da família, onde já se encontra o corpo do pai, num cemitério que abriga outros famosos, como a também apresentadora Hebe Camargo e o cantor Jair Rodrigues.
Paixão por televisão
Apaixonado desde criança pela televisão, Gugu iniciou a sua carreira nesse mundo mágico ainda adolescente, devido à sua persistência em concretizar o sonho que queria alcançar. De tanto escrever cartas para o então já famoso apresentador Sílvio Santos, dono da emissora SBT, Sistema Brasileiro de Televisão, com críticas e sugestões, Gugu chamou a atenção do empresário, que quis conhecê-lo e acabou por o contratar aos 14 anos como assistente de producção.
Menos de oito anos depois, Gugu Liberato, ainda muito jovem, já tinha o seu programa no SBT, mas o grande salto ocorreu pouco depois, em 1981, quando estreou o "Viva a Noite", até hoje lembrado por muitos cantores que foram lançados para a fama nesse espaço por Gugu.
Depois sucederam-se muitos outros programas de sucesso no SBT, como "Sabadão Sertanejo", "Domingo Legal" e "Programa do Gugu", entre outros. Apesar de ser considerado o sucessor de Sílvio Santos, Gugu acabou por deixar o SBT e continuou a sua carreira na TV Record, onde ultimamente apresentava um programa de talentos cujo último episódio, gravado antecipadamente, foi exibido esta semana, já após a sua morte.
Além de ter sido um dos apresentadores mais populares da história da televisão brasileira, que conquistou o público não apenas pelo talento mas pela enorme simplicidade e simpatia com que tratava todos em redor, principalmente os fãs anónimos que queriam tocá-lo, falar com ele ou tirar uma foto, Gugu teve igualmente sucesso em outras facetas profissionais que abraçou. A par de uma brilhante carreira empresarial, fFez diversos filmes, actuando ao lado da também apresentadora, cantora e actriz Xuxa Meneghel e dos inesquecíveis Trapalhões, e como cantor ganhou discos de ouro com canções que rapidamente cairam no gosto popular, como "Pintinho Amarelinho", tantas vezes cantadas pelos fãs ao longo do seu velório.
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