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Nigéria e África do Sul condenam golpe de Estado na Guiné-Bissau e Rússia pede contenção

General Horta Inta-A foi esta quinta-feira empossado Presidente de transição da Guiné-Bissau.

27 de novembro de 2025 às 17:24

Os Governos da Nigéria e África do Sul condenaram esta quinta-feira o golpe de Estado na Guiné-Bissau, apelando à restauração imediata e incondicional da ordem constitucional, enquanto a Rússia pediu contenção e diálogo.

"O Governo da Nigéria condena nos termos mais enérgicos este ato de insurreição militar, que compromete o progresso democrático, a ordem constitucional e a estabilidade não só da Guiné-Bissau, mas de toda a sub-região da África Ocidental", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros nigeriano, Kimiebi Imomotimi Ebienfa.

Este golpe, considera o ministério nigeriano, constitui uma violação dos princípios fundamentais do protocolo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que rejeita explicitamente qualquer acesso ao poder por meios inconstitucionais.

A Nigéria instou os líderes militares golpistas a exercerem "a máxima moderação, priorizarem um diálogo pacífico e respeitarem a vontade do povo da Guiné-Bissau expressa nas urnas", e pediu que garantam a segurança de todas as pessoas detidas e o pleno respeito à inviolabilidade das instituições democráticas.

O governo da África do Sul também condenou o golpe de Estado, salientando que "o momento em que este ato ocorre, durante uma fase crítica do processo eleitoral democrático, demonstra um profundo desprezo pela ordem constitucional e pela vontade soberana do povo da Guiné-Bissau".

Além disso, apelou a que todas as partes procurem um diálogo pacífico e reiterou o compromisso do seu país em trabalhar com a União Africana (UA) e a CEDEAO para apoiar um rápido regresso à ordem constitucional e à "estabilidade duradoura" neste país da África Ocidental.

A condenação da África do Sul junta-se à expressa pelas missões de observação eleitoral da UA e da CEDEAO, pela Nigéria e pela própria União Africana, que reafirmou num comunicado a sua política de "tolerância zero" e a sua firme rejeição a qualquer mudança inconstitucional de governo.

Também o Governo russo está preocupado com a situação no país lusófono e apela à contenção das forças políticas, afirmou esta quinta-feira a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país, Maria Zajárova.

"Continuamos a acompanhar atentamente o desenrolar da situação e apelamos às forças políticas da República da Guiné-Bissau à contenção e a envidarem todos os esforços possíveis para estabilizar o país através do diálogo, no quadro da legalidade e da ordem", declarou Maria Zajárova.

O general Horta Inta-A foi esta quinta-feira empossado Presidente de transição da Guiné-Bissau, um dia depois de os militares terem tomado o poder no país, antecipando-se à divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de novembro.

Os militares anunciaram a destituição do Presidente Umaro Sissoco Embaló, suspenderam o processo eleitoral, os órgãos de comunicação social e impuseram um recolher obrigatório.

As eleições, que decorreram sem registo de incidentes, realizaram-se sem a presença do principal partido da oposição, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e do seu candidato, Domingos Simões Pereira, excluídos da disputa e que declararam apoio ao candidato opositor Fernando Dias da Costa.

Simões Pereira foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.

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