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ONU propõe cortes de mais de 422 milhões de euros no orçamento de 2026

"Não se trata de reduções generalizadas. Mantêm o equilíbrio entre os três pilares da Organização", pode ler-se na carta.

16 de setembro de 2025 às 22:18

As Nações Unidas apresentaram esta terça-feira uma revisão do seu orçamento regular para o próximo ano, propondo reduções superiores a 500 milhões de dólares (422 milhões de euros).

Numa carta divulgada aos trabalhadores da ONU, o secretário-geral da organização, António Guterres, garantiu que as reduções - "embora substanciais" - foram cuidadosamente calibradas.

Em causa estão cortes de cerca de 15% no orçamento regular (mais de 500 milhões de dólares) e quase 19% nos postos de trabalho em comparação com 2025.

"Não se trata de reduções generalizadas. Mantêm o equilíbrio entre os três pilares da Organização -- paz e segurança, direitos humanos e desenvolvimento sustentável", diz a missiva assinada por Guterres.

As reduções concentram-se nos maiores departamentos do Secretariado da ONU, protegendo os principais programas que apoiam diretamente os Estados-membros, particularmente os países menos desenvolvidos, os países em desenvolvimento sem litoral e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento, assim como a defesa do desenvolvimento de África.

Os cortes integram as primeiras medidas da "Iniciativa ONU80" - um projeto anunciado por Guterres e que visa mudanças estruturais na própria organização, como a fusão de unidades, eliminação de duplicações funcionais e estruturais, e cortes em funções que são desempenhadas noutras partes do sistema, incluindo nas missões de paz.

O plano foi já comunicado ao Comité Consultivo para Questões Administrativas e Orçamentais da ONU, um órgão subsidiário da Assembleia-Geral que iniciará a revisão do plano ainda este mês.

Numa carta aos Estados-membros, o secretário-geral da ONU explicou que as reduções resultaram de uma revisão detalhada da execução de mandatos e da distribuição de recursos.

As medidas da "Iniciativa ONU80" incluem a criação de centros administrativos em Nova Iorque e Bangkok, a unificação do processamento de salários numa equipe global distribuída entre Nova Iorque, Entebbe e Nairóbi, e a transferência de funções desde as sedes mais caras - como Nova Iorque e Genebra - para locais de menor custo, de acordo com a ONU News. Além disso, a ONU planeia desocupar dois edifícios alugados em Nova Iorque até 2027, gerando poupanças anuais a partir de 2028.

Essas mudanças visam melhorar a qualidade dos serviços e atender às exigências dos Estados-membros por uma maior eficiência, mas assegurando sempre o cumprimento dos mandatos.

Guterres reconheceu que os cortes afetarão os funcionários da ONU, mas comprometeu-se a oferecer apoio e transparência durante o processo, com comunicação regular, consultas e orientações práticas.

O secretário-geral enfatizou que as decisões, embora difíceis, serão conduzidas com justiça, empatia e profissionalismo, envolvendo todos os níveis da organização.

A ONU foi severamente afetada por cortes de financiamento do seu maior doador, os Estados Unidos, após a tomada de posse de Donald Trump como Presidente, em janeiro. 

A iniciativa de Guterres surge no momento em que as Nações Unidas celebram o seu 80.º aniversário, e numa altura de sérias dúvidas sobre a capacidade da organização de trabalhar na resolução de conflitos, na entrega de ajuda alimentar aos mais vulneráveis ou no combate a doenças, entre outros aspetos. 

Apesar da carga de trabalho da ONU aumentar de ano para ano, os recursos estão a diminuir em todos os setores, contribuindo para isso o facto de que nem todos os Estados-membros pagam na totalidade as obrigações anuais e muitos também não pagam a tempo.   

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