Comissário-geral da UNRWA recordou que, na Faixa de Gaza, três em cada quatro pessoas dependem da ajuda humanitária para se alimentarem.
A Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) alertou esta terça-feira em Beirute que a organização deixará de ter meios para manter os níveis de ajuda à comunidade palestiniana a partir de setembro, a menos que receba mais financiamento.
"Alerto continuamente os Estados-Membros e os parceiros que a possibilidade de uma agência como a nossa não poder prestar serviços a partir deste outono é provável ou muito provável se não recebermos recursos adicionais", avisou Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência, numa conferência de imprensa em Beirute.
"O que está em causa é a nossa incapacidade de manter mais de 100 crianças na escola, de prestar cuidados primários a mais de 200 milhões de pessoas ou uma rede de segurança social aos mais pobres dos pobres, ou mesmo de prestar ajuda humanitária", afirmou.
O comissário-geral da UNRWA recordou que, na Faixa de Gaza, três em cada quatro pessoas dependem da ajuda humanitária para se alimentarem e avisou que, tal como acontece com outros projectos, "atualmente, o abastecimento de alimentos também está em risco se não se receber financiamento adicional até setembro".
A agência precisa de cerca de 300 milhões de dólares (275 milhões de euros) para manter as suas operações até ao final do ano.
Segundo Lazzarini, são necessários 200 milhões de dólares (183 milhões de euros) para as atividades educativas e outros serviços, 70 milhões de dólares (64 milhões de euros) para a assistência alimentar em Gaza e 30 milhões de dólares (27,5 milhões de euros) para a distribuição de dinheiro aos refugiados nos países vizinhos.
Lazzarini reconheceu que a atual "crise de financiamento" teve início há mais de uma década e criticou o facto de os doadores já não serem tão "previsíveis e fiáveis como costumavam ser".
Num relatório integrado no Dia Mundial dos Refugiados, a agência refere que os refugiados palestinianos representam quase um quinto do total da população refugiada no mundo e o grupo populacional que mais tempo tem permanecido nessa situação.
"Não podemos deixar que estes seis milhões de pessoas caiam no esquecimento. É tempo de a comunidade internacional tomar medidas para inverter esta situação", afirmou, por seu lado, Raquel Martí, diretora executiva da mesma agência em Espanha.
Após a guerra israelo-árabe de 1948, que levou à criação do Estado de Israel, mais de 700 000 palestinianos foram expulsos das suas casas, no que é conhecido como a "Nakba" ('catástrofe' em árabe), uma das mais longas crises de refugiados do mundo.
Atualmente, há quase seis milhões de palestinianos a viver dentro e fora de 58 campos de refugiados em Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, no Líbano e na Síria.
"A ausência de uma solução durante todos estes anos só piorou as condições de vida dos refugiados", lamenta a UNRWA, que representa para muitos dos refugiados a única fonte de subsistência.
"A crise que estamos a enfrentar é grave. Mais tarde ou mais cedo, a nossa capacidade de prestar serviços vai esgotar-se. Estamos naquilo que eu descreveria como um 'status quo' insuportável", denunciou o comissário-geral da agência.
Para Lazzarini, a organização tem de equilibrar a obrigação de renovar o seu mandato de três em três anos com as "expectativas" de servir "uma das comunidades mais desfavorecidas" da região, associada a "necessidades, que aumentaram, e a custos que também aumentaram numa altura em que os recursos estagnaram".
O responsável lembrou que a UNRWA vai celebrar o 75.º aniversário em 2024, apesar de ter sido concebida como uma organização temporária, e apelou a um debate sobre qual deverá ser o seu papel "na ausência de uma solução política" para a situação na Palestina.
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