No dia em que celebra mais um ano como líder dos católicos, é lida a sentença do cardeal australiano George Pell, condenado por pedofilia.
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O papa Francisco celebra na quarta-feira seis anos de pontificado, liderando os destinos da Igreja numa das maiores crises das últimas décadas, com o aparecimento de múltiplos escândalos de pedofilia em todo o mundo e sucessivas denúncias de abusos.
Exatamente no dia em que Francisco celebra mais um ano como líder dos católicos, é lida a sentença do cardeal australiano George Pell, condenado por pedofilia.
O cardeal é o clérigo com o cargo mais elevado de sempre no Vaticano a ser condenado por abuso sexual de menores, tendo desempenhado funções de conselheiro económico do papa Francisco e de ministro da Economia do Vaticano.
Francisco prometeu "tolerância zero" à pedofilia por membros do clero, mas este é um dos maiores problemas que enfrenta no momento. No último ano o assunto ganhou mais visibilidade com os casos que vieram a público um pouco por todo o mundo.
A dimensão do fenómeno levou ao afastamento de cardeais e bispos, tendo o papa convocado uma cimeira mundial de conferências episcopais para debater o problema e encontrar soluções de combate.
O evento decorreu em fevereiro e aos 190 representantes da hierarquia religiosa e 114 presidentes ou vice-presidentes de conferências episcopais Francisco apresentou 21 pontos de reflexão como ponto de partida para o debate de um problema que classificou como "uma praga".
No final do encontro de três dias o papa assegurou que a Igreja "não se cansará de fazer tudo o que for necessário" para levar à justiça quem quer que tenha cometido algum tipo de abuso sexual e que "nunca tentará encobrir nenhum caso".
O papa reafirmou ainda que "se a Igreja descobrir um só caso de abuso -- que representa já em si mesmo uma monstruosidade -- esse caso será tratado com a maior seriedade".
Os relatos e as notícias de abusos tiveram impacto na Igreja dos Estados Unidos, Alemanha, Chile, Irlanda, Holanda, Austrália, França e Espanha.
Em agosto, a poucos dias de uma visita à Irlanda, o papa escreveu a todos os católicos do mundo, condenando o crime de abuso sexual por parte de religiosos e exigindo responsabilidades.
Na carta, Francisco pediu perdão pela dor sofrida e disse que os leigos católicos devem envolver-se na luta para erradicar o abuso e o seu encobrimento.
Este tema foi um dos maiores desafios do papa em 2018, mas também é previsível que o seja em 2019.
Francisco está ciente disso e já afirmou publicamente que estes escândalos estão a afastar os fiéis católicos e que a Igreja deve mudar os seus caminhos se quiser manter as gerações futuras.
O argentino Jorge Mario Bergoglio, 82 anos, tornou-se no primeiro pontífice oriundo da América Latina, numa escolha considerada surpreendente, já que estava entre os cardeais mais velhos do conclave.
Sorridente, o cardeal jesuíta surgiu, a 13 de março de 2013, na varanda da basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, ao som dos gritos da multidão "Longa vida ao papa!".
Francisco, o primeiro papa jesuíta, pediu "irmandade" entre os 1,2 mil milhões de católicos, rezou juntamente com a multidão na praça de São Pedro e afirmou que os cardeais "tinham ido ao fim do mundo" para o eleger.
No segundo aniversário do pontificado, Francisco, 265.º sucessor do apóstolo Pedro, declarou ter a sensação de que o pontificado podia ser breve, de quatro ou cinco anos, mas desmentiu sentir-se "só e sem apoio".
"Tenho a sensação que o meu pontificado vai ser breve. Quatro ou cinco anos. Não sei. Ou dois ou três. Dois já passaram. É uma sensação um pouco vaga que tenho, a de que o Senhor me escolheu para uma missão breve. Sobre isso, mantenho a possibilidade em aberto", afirmou o papa numa longa entrevista à cadeia de televisão mexicana Televisa.
À pergunta "gosta de ser papa?", Francisco respondeu sobriamente e sem entusiasmo excessivo: "Não me desagrada". Um ano antes tinha admitido perante milhares de jovens e professores de escolas jesuítas que não queria tornar-se no líder da Igreja Católica.
Na mesma entrevista à cadeia de televisão mexicana sublinhou que sempre detestou viajar e que é uma pessoa caseira, contudo, em seis anos já realizou dezenas de deslocações internacionais.
Portugal foi, em 2017, o 28.º país a receber uma visita do papa Francisco. Embora sem uma relação conhecida com o Santuário de Fátima, o papa chegou como peregrino e canonizou os pastorinhos Jacinta e Francisco Marto.
Paralelamente, vincou o seu lado inter-religioso, tendo participado na celebração dos 500 anos da reforma de Lutero, e avistou-se com líderes ortodoxos, judeus e muçulmanos.
Durante estes seis anos de pontificado, Francisco procurou por em evidência variados temas sociais, defendendo a proteção dos idosos e das crianças, o direito a um trabalho digno, a defesa do ambiente e ainda a ajuda aos refugiados, tornando visível a mensagem social da Igreja.
Poucos meses depois da sua eleição, quando uma parte do mundo começou a conhecê-lo, Francisco anunciou qual seria sua primeira viagem e não foi para nenhum centro do cristianismo, mas para Lampedusa, centro da tragédia de migrantes no Mediterrâneo.
Acusou o Vaticano de se centrar nele próprio e esquecer-se do resto do mundo e não fugiu dos temas em que a Igreja sempre assumiu uma postura conservadora.
Simplificou os procedimentos para o reconhecimento da anulação dos casamentos católicos, afirmou-se incapaz de julgar homossexuais que procuram Deus e disse não fechar a porta ao debate sobre o fim do celibato no clero ou a ordenação de sacerdotes do sexo feminino.
Francisco também atinge as consciências incluindo a Igreja na luta pela proteção do meio ambiente na encíclica "Laudato si", que se tornou um verdadeiro manifesto ambiental e social em todo o mundo.
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