A edição de hoje
Reclusos fazem parte das duas maiores organizações criminosas brasileiras.
Numa operação mantida em total sigilo devido ao receio de uma ação de resgate e que só foi divulgada esta sexta-feira, o Paraguai expulsou de uma só vez 25 criminosos brasileiros que cumpriam penas em prisões daquele país e entregou-os ao Brasil. A operação, a maior já realizada entre os dois países vizinhos, aconteceu em dois pontos distintos, a fronteira entre o Paraguai e o Brasil na região da cidade de Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, e a que fica na região da cidade de Ponta Porã, no estado do Mato Grosso do Sul.
Nos dois casos, os reclusos foram escoltados por um grande efetivo da Polícia Nacional do Paraguai até à fronteira e entregues à Polícia Federal do Brasil, que também montou um grande aparato de segurança no lado brasileiro. As duas fronteiras chegaram a ficar fechadas por algum tempo, para permitir a transferência dos presos sem o risco de alguma acção violenta das fações a que eles pertencem.
Os 25 criminosos agora entregues ao Brasil fazem parte das duas maiores organizações criminosas brasileiras, o PCC, Primeiro Comando da Capital, que teve origem em São Paulo, e o CV, Comando Vermelho, originário do Rio de Janeiro, mas ambas já têm atuação em todo o país e até em países vizinhos. Eles foram selecionados entre os presos brasileiros considerados mais perigosos a cumprir penas no Paraguai, e é provável que após esta grande operação outras se sigam.
Todos os criminosos estavam a cumprir pena no Paraguai por crimes cometidos nesse país, mas também têm contra si mandados de prisão no Brasil por crimes como homicídio e tráfico de droga. Eles agora vão ser enviados para prisões nos estados de São Paulo, Goiás, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
A transferência agora concretizada foi o culminar de uma operação de cooperação entre as polícias dos dois países intensificada no ano passado. A Polícia Federal brasileira enviou em 2023 vários agentes ao Paraguai para identificarem brasileiros presos naquele país, e foram localizados aproximadamente 300, vários deles usando identidades falsas.
Desses 300, os agentes brasileiros identificaram que 50 tinham mandados de prisão contra eles no Brasil e foi decidida a expulsão pelo Paraguai dos 25 considerados mais importantes nas organizações criminosas a que estão ligados e os que têm maiores penas a cumprir. Esta ação também se insere na política do governo do Paraguai de se livrar de presos estrangeiros, principalmente brasileiros, que mesmo atrás das grades comandam crimes naquele país e a estruturação em território paraguaio de organizações criminosas brasileiras, cuja disputa por poder e dinheiro transformou a gigantesca fronteira entre os dois países em zona de guerra, com dezenas de assassínios.
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