Fontes hospitalares dizem que 13 dos 14 suspeitos chegaram ao Hospital já mortos.
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A morte na sexta-feira passada, dia 8, numa favela da cidade brasileira do Rio de Janeiro de 14 supostos traficantes de droga, relatada na altura pela polícia como resultado de violentos confrontos entre quadrilhas rivais, pode ter sido na verdade uma brutal matança cometida pelos próprios agentes. A acusação foi avançada ao Ministério Público (MP) e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por famílias dos jovens mortos, que, não negando o envolvimento deles com o narcotráfico, se revoltaram por a polícia os ter executado quando já se tinham rendido, ao invés de os prender.
Na versão oficial da Polícia Militar, que nesse dia enviou forças de batalhões de elite como o Batalhão de Polícia de Choque, BPChoque, Batalhão de Operações Policiais Especiais, BOPE, e Comando de Operações Especiais, COE, para a favela Fallet-Fogueteiro, no centro do Rio de Janeiro, para pôr cobro a um confronto entre grupos rivais de traficantes, as vítimas foram encontradas pelos agentes já muito feridas e levadas por eles para o Hospital Sousa Aguiar, onde acabaram por morrer. Mas fontes hospitalares afirmaram mais tarde que dos 14 suspeitos levados para aquela unidade de saúde 13 já estavam mortos e que apresentavam lesões profundas provocadas por objecto perfurante, possivelmente faca.
As famílias dos jovens mortos procuraram o Ministério Público e relataram que a maior parte das vítimas, 13, se tinham refugiado numa casa na favela Fallet-Fogueteiro, tanto para fugirem de criminosos rivais da favela da Coroa que tinham invadido a deles, quanto para escaparem das forças policiais que tinham entrado na comunidade com grande efectivo e aparato bélico. No relato desses familiares, os 13 jovens, vendo a casa cercada por militares muito mais numerosos e fortemente armados, decidiram render-se.
Foi aí, ainda de acordo com os relatos de familiares das vítimas e de moradores do Fallet-Gogueteiro a membros do Ministério Público, que os agentes, em vez de prenderem os suspeitos executaram um a um conforme se foram entregando, usando facas e não armas de fogo, provavelmente para não chamar a atenção. Os promotores do Ministério Público já confirmaram que vários corpos apresentam realmente sinais de esfaqueamento, mas a investigação ainda não permitiu apurar quem os desferiu e em que circunstâncias.
Moradores locais e familiares das vítimas, uma das quais foi encontrada num outro ponto da favela no mesmo dia, afirmam que a suposta execução dos alegados traficantes pela polícia se insere na nova política de Segurança Pública defendida tanto pelo novo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, quanto pelo novo governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Ambos defendem um confronto mais direto e incisivo das polícias regionais com criminosos, Witzel defende mesmo que pessoas avistadas em favelas com armas de guerra sejam abatidas sumariamente, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-ministro Sérgio Moro, apresentou há dias ao Congresso um projeto de lei que proíbe o Ministério Público de investigar e condenar polícias que matem suspeitos, independentemente das circunstâncias.
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