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Presidente brasileiro foi gravado a autorizar suborno

Michel Temer nega que tenha falado com empresário sobre pagamento a ex-deputado.

18 de maio de 2017 às 08:01

O Presidente do Brasil, Michel Temer, terá sido gravado pelos donos da empresa JBS, uma as maiores produtoras de proteína animal do mundo, autorizando o pagamento de um suborno ao ex-deputado Eduardo Cunha.

A informação foi divulgada na noite de quarta-feira pelo jornal O Globo, que adianta que a gravação teria sido entregue por Joesley Batista e Wesley Batista, irmãos e acionistas da JBS, que contactaram os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e o juiz Edson Fachin, que julga os casos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) para negociar um acordo de delação premiada (colaboração em troca da redução da pena).

A gravação citada pelo jornal brasileiro foi feita pelo empresário Joesley Batista num encontro que teve com Michel Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial do Presidente brasileiro, no dia 7 de março.

Joesley Batista disse ao chefe de Estado brasileiro que estava a dar ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao operador financeiro Lúcio Funaro uma mesada na prisão, para eles ficarem calados.

Segundo o jornal, Michel Temer terá respondido: "Tem que manter isso, viu".

No seu depoimento aos procuradores, Joesley Batista afirmou que não foi Michel Temer quem determinou o pagamento em troca do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, mas disse que o Presidente tinha pleno conhecimento da operação, apelidada por ele de "cala-boca".

Segundo o diário, na gravação, Michel Temer também teria dito a Joesley Batista que o deputado Rodrigo Rocha Loures seria responsável por resolver uma pendência da J&F (holding que controla a JBS) junto do Governo brasileiro.

Depois desta indicação, Rocha Loures foi filmado pela polícia brasileira a receber uma mala com 500 mil reais (142 mil euros) que foi enviada pelo empresário Joesley Batista.

O deputado Rocha Loures é muito próximo do chefe de Estado brasileiro, pois foi chefe de Relações Institucionais da vice-Presidência quando Michel Temer ocupava este cargo.

Após a destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, Rocha Loures virou assessor especial da Presidência da República e, em março, voltou à Câmara Baixa, ocupando a vaga do atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio.

Temer nega suborno

O Presidente brasileiro regiu à acusação com uma nota emitida pelo Palácio do Planalto em que desmente que tenha fala falado com Joesley Batista sobre subornos. Afirma, sobre o encontro com com Batista, que "não houve no diálogo nada que comprometesse a sua conduta como presidente. O presidente brasileiro diz que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha" e negou ter participado ou autorizado "qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".Pedidos de destituição no Congresso

O site do jornal Globo avança que dois deputados federais, Alessandro Molon (Rede-RJ) e João Henrique Caldas (PSB-AL), entraram na noite desta quarta-feira com pedidos de impeachment do presidente Michel Temer. Alguns parlamentares pedem ainda a renúncia do presidente.

Manifestações de rua

Pouco depois de se saber da notícia, centenas de pessoas saíram à rua em São Paulo e Brasília para exigir a demissão de Michel Temer. Muitos deles exibiam cartazes e bandeiras do PT, o partido da presidente destituída DIlma Rousseff e de Lula da Silva.

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