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Preservativos 'de luxo' na Venezuela

Uma caixa destes contracetivos custam o equivalente a 660 euros.

04 de fevereiro de 2015 às 21:30

Os venezuelanos, que passam horas nas filas para comprar bens de primeira necessidade, têm agora outra dificuldade em mãos, já que os preservativos se tornaram raros e custam mais de 660 euros a caixa, segundo a agência Bloomberg.

No site MercadoLibre, utilizado pelos venezuelanos para obter bens escassos, um pacote de 36 preservativos é vendido por 4760 bolívares (660 euros), valor muito próximo do salário mínimo do país, que é de 5600 bolívares (775 euros). "O país está numa tal confusão que, agora, temos de esperar na fila até para ter sexo", lamentou Jonathan Montilla, de 31 anos e diretora de arte numa empresa de publicidade.

A queda no preço do barril de petróleo agravou a escassez de produtos de consumo, desde fraldas a desodorizantes, num país que importa a maioria dos seus bens e tem na exportação petrolífera cerca de 95% das receitas provenientes do exterior.

Escassez de contracetivos

Preservativos e outros contracetivos começaram a desaparecer de muitas farmácias e clínicas venezuelanas no final de dezembro passado, quando o governo limitou o recurso a divisas ao mesmo tempo que as receitas do petróleo baixaram.

Também as pílulas anticoncecionais de emergência e as drogas antirretrovirais para pacientes com HIV estão a atingir níveis críticos. Apenas na capital do país ainda era possível obter contracetivos no final de janeiro, recorrendo a um dos três centros de planeamento familiar onde os mesmos eram vendidos livremente a 3 bolívares a unidade.

Preço do petróleo afunda economia 

Como o valor que a Venezuela recebe pelo petróleo exportado caiu 60% nos últimos sete meses, a economia do país está a ser empurrada para o abismo com fortes possibilidades de não conseguir satisfazer o compromisso de pagar o serviço da dívida externa nos próximos 12 meses, se o preço do petróleo não recuperar.

A redução no acesso a contracetivos é mais grave do que pode parecer, pelo facto de a Venezuela ter elevados números de infeção pelo vírus da Sida e uma das mais altas taxas de gravidez na adolescência da América do Sul, sendo o aborto ilegal no país.

Para Carlos Cabrera, vice-presidente da filial local da International Planned Parenthood Federation (Federação Internacional de Planeamento Familiar), sediada em Londres, dada a ilegalidade da interrupção voluntária da gravidez, o desaparecimento de contracetivos poderá aumentar o número de mortes entre mulheres grávidas que recorram a clínicas clandestinas. 

Por seu lado, Johnatan Rodriguez, do grupo sem fins lucrativos StopVIH, sublinhou que "esta escassez ameaça os programas de prevenção em que a organização tem vindo a trabalhar em todo o país".

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