Presidente brasileiro não negou que estivesse a pensar em tomar uma posição de força.
Num dos momentos de maior tensão da vida política brasileira dos últimos dois anos, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), juiz Luiz Fux, ligou esta sexta-feira para o presidente Jair Bolsonaro, questionando-o sobre insistentes rumores de que o governante estaria a pensar decretar estado de sítio no país. O facto de Fux ter ligado, em vez de fazer a indagação pelas formas convencionais, por exemplo por ofício, evidencia a gravidade e a urgência da situação, principalmente porque Bolsonaro repetiu inúmeras vezes nos últimos dias que medidas restritivas adotadas em várias regiões do Brasil contra a Covid-19 violavam a lei e que ele teria de fazer alguma coisa para repor a ordem.
Possibilidade várias vezes aventada nestes dois anos de mandato de Bolsonaro, nos últimos dias ficaram ainda mais fortes os rumores de que o extremista presidente brasileiro estaria prestes a decretar medidas de exceção, entre elas o estado de sítio, que concentraria todo o poder nas suas mãos, cansado de ter de negociar medida a medida com o Congresso e de ver várias das suas decisões anuladas ou limitadas pela justiça. Esta sexta, a apoiantes que o esperavam junto à residência oficial em Brasília, Bolsonaro afirmou que, se for preciso, adotará "medidas duras" para, segundo o que ele disse, retomar o controlo do país se uma acção que ele instaurou no STF pedindo a anulação de medidas restritivas decretadas por governadores e autarcas não for aceite pelo tribunal, o que acendeu a luz de alerta de risco de rutura democrática.
"Onde é que nós vamos parar? Será que o governo federal vai ter de tomar uma decisão antes que isso aconteça? Será que a população está preparada para uma ação do governo federal dura no tocante a isso? Que vai ser dura. É para dar liberdade para o povo. É para dar direito para o povo trabalhar."-Declarou Jair Bolsonaro, numa clara ameaça de decretação de medidas de exceção para anular os toques de recolher e o fechamento de atividades não essenciais adotados por gestores regionais e locais na tentativa de reduzirem a circulação de pessoas e do vírus e baixarem as quase três mil mortes que estão a ocorrer todos os dias no país devido à Covid-19.
Em resposta ao presidente do STF, Bolsonaro garantiu que não adotaria nenhuma medida antes de o tribunal aprovar ou rejeitar o seu pedido para declarar ilegais as medidas restritivas decretadas por governadores e autarcas, mas não negou que estivesse a pensar em tomar uma posição de força. O pedido de Bolsonaro para reabrir imediatamente todo o país, baseado no macabro pensamento de Bolsonaro de que, já que um dia todos morrem, então que se acabem com as restrições e se normalize a atividade económica, parece ter poucas probabilidades de ser aceite pelo tribunal.
Desde o ano passado, em tentativas semelhantes mas muito menos óbvias de Bolsonaro de impedir governadores de estado e autarcas de decretarem medidas de isolamento social contra a Covid-19, o Supremo Tribunal Federal recusou, deixando claro que tanto o presidente quanto os gestores regionais e locais têm o direito de tomar decisões sobre o Coronavírus, e incentivou o chefe de Estado a unir-se aos demais governantes e assumir a coordenação desse esforço nacional pela vida. Mas Bolsonaro, que tem uma visão extremamente autoritária do poder, não aceita dialogar com outros governantes, menos ainda se forem de oposição, e por isso ao invés de negociar tem tentado boicotar as medidas tomadas localmente contra a pandemia e incentiva diariamente com discursos raivosos as populações dessas regiões a insurgirem-se contra o isolamento.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.