Em causa está a falta da autorização da empresa pública que gere os aeroportos.
O primeiro voo da Cabo Verde Airlines (CVA) em 15 meses, que deveria partir esta sexta-feira de manhã do Sal para Lisboa, foi cancelado durante a tarde, alegadamente devido à falta da autorização da empresa pública que gere os aeroportos.
A companhia aérea tinha programado a retoma dos voos internacionais a partir desta sexta-feira, inicialmente com uma ligação entre a ilha do Sal e Lisboa, com partida prevista para as 09h15 locais (11h15 de Lisboa), e regresso de Portugal, mas ao fim de várias horas de espera e informações contraditórias, o voo acabou por ser cancelado já durante a tarde.
Pelas 18h20 de Lisboa (16h20 em Cabo Verde), o voo VR 602 (Sal - Lisboa) que era esperado no terminal 1 do aeroporto de Lisboa, estava oficialmente dado como "cancelado", segundo informação disponibilizada na página da empresa ANA.
A Lusa contactou a administração da CVA - que estava desde abril a preparar a retoma dos voos após a suspensão dos voos em março de 2020 - e a empresa pública ASA, que gere os aeroportos de Cabo Verde, para tentar obter uma explicação sobre o cancelamento, mas sem sucesso até ao momento. Fonte oficial do Governo cabo-verdiano disse à Lusa que será emitido um comunicado sobre este assunto nas próximas horas.
Ao início da tarde, em declarações no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, o diretor executivo da CVA, Erlendur Svavarsson, rejeitou que a falta de autorização da ASA para a descolagem do Boeing 757 estivesse relacionada com alegadas dívidas da companhia à empresa pública, apontando antes uma "falta de coordenação" entre as duas entidades, garantindo que as despesas com o voo VR 602 estão em conformidade e esperando a autorização para a partida para as horas seguintes, o que não aconteceu.
Antes deste desfecho, o diretor executivo da CVA tinha anunciado à Lusa que o segundo Boeing com que a companhia quer retomar os voos internacionais chega ao arquipélago em julho.
Em entrevista a propósito do que seria a retoma dos voos pela companhia aérea cabo-verdiana, cerca de 15 meses após a suspensão das operações devido à pandemia de covid-19, Erlendur Svavarsson reconheceu a "ótima resposta" dos clientes aos horários dos voos que hoje deveriam ter sido retomados, "mesmo com pouca antecedência".
Para já, a companhia vai operar com um Boeing 757, que já está no arquipélago desde abril passado, após um ano em situação de armazenamento nos Estados Unidos da América, devido à pandemia.
"A chegada da segunda aeronave está prevista para complementar a frota do nosso 'hub' na ilha do Sal no início de julho, aumentando ainda mais a confiabilidade e a eficiência da CVA", acrescentou.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
A CVA concentrou então a atividade nos voos internacionais a partir do 'hub' do Sal, deixando os voos domésticos.
De acordo com informação da companhia consultada pela Lusa, no alargamento do plano de voos a CVA disponibiliza bilhetes para o voo de 03 de julho entre São Vicente e Paris (aeroporto Charles de Gaulle) e regresso no dia seguinte, que marcará a retoma, pela companhia, dos voos internacionais a partir da segunda ilha mais populosa de Cabo Verde.
Trata-se de um voo semanal (partida ao sábado com regresso ao domingo) com escala no aeroporto internacional do Sal, de onde parte e onde termina.
O mesmo regime de escala será aplicado de 28 de junho até 28 de março de 2022 pela CVA, com partidas do aeroporto da Praia, escala no Sal, com destino a Lisboa (sexta e segunda-feira), e semanalmente do Sal, com escala na Praia, com destino a Boston (Estados Unidos da América).
"A retoma dos voos é agora apenas o primeiro passo para a reconstrução da rede da CVA com base na ilha do Sal. O conceito de 'hub' foi amplamente comprovado durante a fase de construção de 2019-2020, antes de a pandemia atingir o setor, com mais de 150% de crescimento ano a ano", afirmou Erlendur Svavarsson, questionado pela Lusa sobre a possibilidade de a companhia também operar voos para Lisboa a partir de São Vicente, uma reivindicação local de há alguns anos.
"A pandemia ainda domina as indústrias do turismo e da aviação, mas assim que as vacinações permitirem o regresso às viagens, a Cabo Verde Airlines terá uma excelente posição para ligar quatro continentes através do 'hub' na ilha do Sal", disse ainda.
O diretor executivo insiste que a aposta da CVA é no 'hub' do Sal, mas acrescenta que a companhia "estará numa ótima posição para adicionar novas rotas conforme as condições da pandemia permitam".
"A programação atual é publicada até à primavera de 2022 e acompanharemos de perto a procura de cada destino. A visão da nossa companhia aérea é ligar quatro continentes através do nosso 'hub' na ilha do Sal, de forma eficiente e fiável", afirmou.
As companhias aéreas portuguesas SATA e TAP são as únicas que mantinham, até agora, ligações regulares das ilhas cabo-verdianas de São Vicente, Sal e Santiago à Europa e aos Estados Unidos, mas ambas estão sob intervenção do Estado português, devido às consequências da pandemia de covid-19.
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