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Quatro em cada 10 jovens receiam ter filhos devido às alterações climáticas, revela estudo

Jovens acreditam que os governos negligenciam a crise climática.

14 de setembro de 2021 às 18:10

Quatro em cada 10 jovens em todo o mundo receiam ser pais devido às consequências da crise climática e temem que os governos estejam a agir fracamente para reverter a situação, segundo aponta o maior estudo científico alguma vez realizado sobre ansiedade climática e jovens, pré-publicado esta terça-feira, pela revista Lancet Planetary Health.

Segundo o estudo "Vozes da juventude sobre a Ansiedade Climática, Traição do Governo e Injúria Moral: um Fenómeno Global", que recolheu a opinião de jovens em 10 países, quase seis em cada 10 jovens entre os 16 e os 25 anos, estão muito ou extremamente preocupados com a crise climática. Um número idêntico de jovens sente-se "traído" pelas gerações mais velhas e afirma que os governos não os protegem. Nem ao planeta, nem às gerações futuras, perante a ameaça climática, noticiou o jornal The Guardian.

Três quartos corroboram a afirmação "o futuro é assutador" e mais de metade tem a sensação que terá menos oportunidades do que os seus pais. Os jovens ativistas afirmam que o sentimento de ansiedade climática é geral na sua geração.

Luisa Neubauer, ativista de 25 anos, co-organizadora do movimento de greve estudantil na Alemanha que, por ordem judicial, levou o governo alemão a reavaliar as suas políticas climáticas, afirma: "Conheço muitas meninas, que perguntam se ainda faz sentido ter filhos. É uma pergunta simples, mas diz muito sobre a realidade climática em que vivemos. Nós, jovens, percebemos que apenas haver preocupação com a crise climática, não vai impedi-la. Por isso, transformámos a nossa ansiedade individual numa ação coletiva. E agora, lutamos em todos os lugares: nas ruas, nos tribunais, dentro e fora de instituições, em todo o mundo. No entanto, os governos ainda falham para connosco, já que as emissões estão a escalar para níveis nunca antes vistos. A resposta apropriada a este estudo seria os governos começarem a agir como prometeram que fariam".

Mitzai, de 23 anos, natural das Filipinas, afirmou: "Cresci com medo de me afogar no meu próprio quarto. A sociedade diz-me que essa ansiedade é um medo irracional e que precisa de ser superado, que a meditação e mecanismos saudáveis de superação irão consertar o que sinto", acrescentou ainda que, "no seu cerne, a nossa ansiedade climática vem do sentimento profundo de traição por causa da falta de ação do governo. Para realmente abordar a crescente ansiedade climática, precisamos de justiça."

Caroline Hickman, co-autora principal do estudo afirma que "este estudo pinta um quadro horrível da ansiedade climática generalizada nas crianças e jovens. S

ugere, pela primeira vez, que os altos níveis de sofrimento psicológico da juventude estão ligados à inação do governo. 

A ansiedade dos nossos filhos é uma reação totalmente racional, dadas as respostas inadequadas dos governos às mudanças climáticas. 

O que precisam os governos de ouvir mais para agir?"

"Seis anos após o acordo de Paris, devemos abrir os olhos para a violência das mudanças climáticas, para o seu impacto no nosso planeta, mas também para a saúde mental dos nossos jovens, como mostra este estudo alarmante. 

Devemos agir com urgência e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para dar um futuro às gerações mais jovens ".

O estudo foi pré-publicado pela revista Lancet Planetary Health, enquanto se encontra sob revisão por pares. A pesquisa analisou a opinião de cerca de 10 mil jovens em países como Portugal, França, Reino Unido, Finlândia, Austrália, Filipinas, índia, Nigéria, Estados Unidos e Brasil.

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