A "reclusão não melhorou imagem do monarca.
O rei emérito de Espanha, Juan Carlos I, passou os últimos dois anos desde que abdicou da coroa em relativa reclusão, para suavizar a imagem esgotada com que saiu de um dos momentos mais negros da monarquia espanhola.
A 2 de junho de 2014, faz esta quinta-feira dois anos, Juan Carlos I abdicava da coroa em favor do filho - que ascenderia ao trono duas semanas depois, como Felipe VI.
Uma série de fatores formou uma 'tempestade perfeita' que conduziu à abdicação do rei: o fraco estado de saúde de Juan Carlos I, a crise económica e institucional de Espanha, a deterioração geral da instituição monarquia e, mais visíveis, os escândalos pessoais do Rei e de alguns elementos da sua família.
Além de um relacionamento extramatrimonial com Corinna zu Sayn-Wittgenstein (que beneficiava empresarialmente dessa relação), a imagem de Juan Carlos - cujo trabalho na Transição Democrática espanhola, após a morte do ditador Franco, mereceu a aprovação generalizada dos espanhóis - caiu a pique em abril de 2012.
Em abril de 2012, com a Espanha a atravessar um dos piores anos da crise económica que também fustigou outros países europeus, incluindo Portugal, Juan Carlos partiu com a sua suposta amante, Corinna, para uma caçada no Botswana avaliada em pelo menos 45 mil euros. No decorrer das férias acabaria por partir uma perna, mas foram as suas fotos, ao lado de Corinna e de um elefante abatido, que causaram o escândalo na população espanhola.
A caçada no Botswana custou a Juan Carlos cerca de 30 pontos nas sondagens de popularidade e acelerou em definitivo o seu afastamento, em favor do filho. Por outro lado, a sua filha Cristina envolveu-se, por arrasto do seu marido (Iñaki Urdangarin), num caso de corrupção, desvio de fundos e evasão fiscal conhecido por "Caso Noos", e que neste momento está em tribunal.
Em junho de 2014, a popularidade da monarquia junto dos espanhóis estava no nível mais baixo desde a transição da ditadura franquista. Uma sondagem do Centro de Investigações Sociológicas (CIS) desse mês indicava que os espanhóis avaliavam a monarquia com 3,72 valores numa escala de 10, menos de metade dos 7,46 valores de 1994.
Para "limpar" a imagem da família real espanhola, o novo rei, Felipe VI, tomou medidas em várias frentes: baixou as remunerações da família real, impôs a transparência das contas (exigindo auditorias externas e independentes) e um novo regime de incompatibilidades (proibiu a família real de trabalhar em empresas privadas, estando limitada a trabalho "de natureza institucional").
Dois anos depois de abdicar, Juan Carlos continua a ser a figura real com a pior avaliação entre os espanhóis. Numa sondagem da NetQuest para o jornal online El Español, divulgada em abril, 52,8% dos inquiridos avalia "positivamente" o rei Felipe VI, percentagem que desce para 50,8% no caso da sua mãe, a rainha Sofía, e para 44,3% no caso da sua mulher, a rainha Letícia.
Juan Carlos fica-se pelos 30,9% de votos positivos, contra os 40,1% de avaliação negativa. É o único do "núcleo duro" da Casa Real com mais votos negativos do que positivos. A infanta Cristina tem 78,6% de votos negativos e o seu marido, Iñaki Urdangarin, 90,2%.
Ainda assim, Juan Carlos aparece pontualmente em eventos públicos. Na noite de quarta-feira presidiu à Corrida da Beneficência, um dos eventos taurinos mais importantes da temporada, na Praça de Touros de Las Ventas, em Madrid.
E esta quinta-feira, dia que assinala os dois anos desde que abdicou, Juan Carlos vai presidir à reunião do Real Patronato do Museu Naval de San Fernando (na província de Cádis), uma instituição dedicada à investigação, conservação e difusão da história marítima espanhola.
Juan Carlos recebe do orçamento da Casa Real espanhola uma verba de 189,2 mil euros anuais, de um total de mais de 662,3 mil euros para todos os quatro membros da família real (Felipe VI, Rainha Letícia, Rainha Sofía e rei emérito). A monarquia espanhola custa cerca de 7,7 milhões de euros aos contribuintes espanhóis.
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