Veracidade dos testemunhos apresentados pela Missão da Federação Russa junto da ONU não pode ser verificada.
O embaixador russo junto das Nações Unidas acusou esta quarta-feira Portugal, Espanha e Alemanha de terem retirado "centenas" de crianças ucranianas às suas mães para as colocar em estruturas de acolhimento nos respetivos territórios, tendo apresentado testemunhos destes alegados casos.
"Eu sou Alina Komisarenko, da cidade de Zaporijia. O meu filho foi levado pelo sistema juvenil em Portugal", disse uma mulher num vídeo apresentado pela Rússia numa reunião informal do Conselho de Segurança para abordar "as medidas tomadas pelas autoridades russas para retirar crianças em perigo".
"Informo a imprensa ucraniana que não sou 'fake', sou uma cidadã ucraniana", acrescentou a mulher.
A veracidade dos testemunhos apresentados pela Missão da Federação Russa junto da ONU não pode ser verificada.
O embaixador russo Vasily Nebenzya, cujo país preside este mês ao Conselho de Segurança da ONU, acusou os países ocidentais de quererem abafar o facto de, nos países europeus, estarem a ser retiradas crianças aos refugiados ucranianos.
O embaixador referiu então Portugal, Espanha e Alemanha como exemplo de países onde isso acontece.
"O número de pessoas que passaram por isso está na casa das centenas. Crianças pequenas estão a ser levadas para centros de acolhimento por pessoas estranhas. As mães que estão a tentar recuperar as crianças são ameaçadas com processos criminais", acusou o diplomata.
"Temos que perguntar o que acontecerá com as crianças com identidade ucraniana em abrigos alemães e espanhóis. Mas, aparentemente, isso é um assunto diferente. O problema atingiu uma escala em que as mães perderam a esperança e usaram as redes sociais para chegar até nós diretamente", disse.
Uma das mulheres cujo testemunho foi divulgado na reunião foi Yulia Panasenko, que acusou Espanha de reter o seu filho.
"O meu filho foi levado pelos serviços sociais em Derio, Espanha. Informo a imprensa ucraniana de que não sou 'fake', sou uma pessoa real", disse, enquanto mostrava uma foto do seu alegado passaporte.
Também uma mulher apresentada como Elena Kovalena, que afirma ser da cidade ucraniana de Dnipro, relatou que o seu filho, Richard Kovalev, "foi levado por estranhos há nove meses" e que se encontra agora com uma família alemã.
"Conto esta história a toda a gente, em todo o lado. Já tive quatro audiências, mas eles não me dão o meu filho, que está sob guarda da Alemanha, em alguma família alemã, segundo me disseram. Só o vi três vezes, por uma hora. O meu menino irá esquecer em breve que tem uma mãe. Isto é alienação. Por favor, salvem o meu filho ucraniano. Isto não é 'fake'. Imploro", apelou.
Outras mulheres afirmaram em vídeo que os seus filhos foram levados para países europeus.
O embaixador russo "aproveitou a oportunidade" para se dirigir à sociedade civil dos países europeus, "àqueles para quem os direitos humanos e os direitos das crianças não são apenas um elemento de propaganda para combater a Rússia, mas um sistema de valores".
"Se puderem ajudar essas mães ucranianas, entrem em contacto connosco e colocá-los-emos em contacto direto com elas. O nosso endereço está na Internet", afirmou o embaixador russo.
"Quanto ao regime criminoso de [Volodymyr] Zelensky (Presidente ucraniano) e aos Governos europeus que dão cobertura a Zelensky, nem nós nem as mães temos muita esperança para elas no território sob controlo do regime de Kiev", acrescentou.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu a 17 de março um mandado de detenção para o Presidente russo, Vladimir Putin, por crimes de guerra, pelo seu alegado envolvimento em sequestros de crianças na Ucrânia.
Num comunicado, o TPI acusa Putin de ser "alegadamente responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal de população (crianças) e transferência ilegal de população (crianças) de áreas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa".
Em causa estarão milhares de crianças ucranianas institucionalizadas que foram transportadas à força para a Rússia ou para territórios ucranianos ocupados pelas tropas russas.
Um relatório sobre o Programa Sistemático da Rússia para a Reeducação e Adoção de Crianças da Ucrânia, lançado em fevereiro pelo Laboratório de Pesquisa Humanitária da Escola de Saúde Pública de Yale (HRL), estima em mais de 6.000 os menores ucranianos colocados em 43 campos de reeducação ou orfanatos russos após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de fevereiro de 2022. O relatório admite que o número poderá ser bastante mais elevado.
A organização não-governamental (ONG) Human Rigths Watch (HRW) afirma, num outro relatório, que milhares de crianças ucranianas que viviam em orfanatos foram transferidas à força para a Rússia ou para territórios ocupados.
Segundo as autoridades ucranianas, até ao fim de fevereiro passado foram deportadas 16.221 crianças para a Rússia, número que a Comissão dos Direitos Humanos da ONU não conseguiu confirmar.
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