Chega e CDS-PP manifestaram-se contra argumentando que tem de ser respeitado o acordo de cessar-fogo e a libertação de todos os reféns.
Seis dos 10 partidos portugueses com representação no Parlamento apresentaram esta sexta-feira projetos de resolução no hemiciclo em que defendem que Portugal reconheça o Estado da Palestina, com o Governo a travar a decisão, argumentando ser necessário prudência.
O Partido Comunista Português (PCP), Bloco de Esquerda (BE), Livre, Pessoas, Animais e Natureza (PAN), Juntos Pelo Povo (JPP) e Partido Socialista (PS) defenderam que tal é uma solução para o conflito israelo-palestiniano e que esse reconhecimento deve ter em conta as fronteiras anteriores a 1967 e com capital em Jerusalém Oriental.
O Livre defendeu num projeto de resolução, além do reconhecimento "urgente" do Estado da Palestina, a "suspensão imediata" do Acordo de Associação entre a União Europeia (UE) e Israel.
Por sua vez, o PS recomenda ao Governo que proceda ao "reconhecimento imediato" do Estado da Palestina e que "mobilize a ação junto das instituições da União Europeia para que esta adote posição comum no mesmo sentido", com o PAN a manifestar preocupação com os Direitos Humanos.
Chega e CDS-PP manifestaram-se contra o reconhecimento do Estado palestiniano, argumentando que, primeiro, têm de ser respeitadas pressupostos, como o fim do Hamas, o acordo de cessar-fogo e a libertação de todos os reféns ainda em poder do movimento de resistência palestiniano.
A Iniciativa Liberal (IL), por sua vez, recomenda ao Governo uma "estratégia equilibrada e responsável para promover uma solução pacífica e sustentável para o conflito israelo-palestiniano".
O debate, desencadeado por uma proposta de resolução do PCP, levou o líder dos comunistas, Paulo Raimundo, a considerar que Portugal, tal como outros países europeus, está na "lista da vergonha" ao não reconhecer o Estado da Palestina.
Paulo Raimundo admitiu que o reconhecimento do Estado palestiniano, "por si só", "não resolve a situação dramática do povo na Faixa de Gaza e agora também na Cisjordânia", mas torna-se "simbólico" num conflito que já provocou milhares de mortos, "sobretudo mulheres e crianças".
"Ou o Estado português continua com as mãos manchadas de sangue pela criminosa ocupação da Palestina ou dá um sinal político que se impõe e reconhece o Estado da Palestina", sustentou Raimundo.
Perante a presença no hemiciclo da embaixadora da Palestina em Lisboa, Rawan Sulaiman, a deputada do BE, Mariana Mortágua, acusou o Governo de cumplicidade ao "fingir que não vê o genocídio em curso e em direto", estimando que a História "irá julgar os criminosos".
Jorge Pinto, do Livre, argumentou que Israel comete crimes contra a humanidade e genocídio, sublinhando que "começam a faltar palavras para a inação do governo português e da União Europeia (UE)".
"Ao reconhecer o Estado da Palestina, Portugal estará do lado certo da História", afirmou, defendendo a "suspensão imediata" do Acordo de Associação entre Israel e a UE, terceiro maior parceiro comercial dos israelitas.
Para João Torres, do PS, "o reconhecimento do Estado Palestiniano deixou de ser apenas um ato simbólico, mas um imperativo ético É a esperança da paz, perante a crueldade e a verdade".
Do lado oposto, o Chega, através de Pedro Pessanha, acusou a esquerda de "escândalo moral", pois nenhum dos partidos que defendem o reconhecimento da Palestina como Estado independente criticou "os atos terroristas do Hamas", com outro deputado do mesmo partido, Ricardo Dias Pinto, a lembrar que existem duas "visões inconciliáveis".
"Uma da esquerda, com um exibicionismo ideológico, outra, do Chega, com realismo e pragmatismo. [O terror tem de ser defendido, o Hamas destruído, os reféns libertados e Gaza com um governo legítimo, sem infiltrações de terroristas", frusou.
"Nada do que aconteceu foi causado por Israel, mas sim pelos terroristas do Hamas, cujas práticas inaceitáveis levaram a 1.200 mortes e 251 reféns", afirmou, por seu lado, o deputado do CDS-PP João Almeida.
"Qualquer decisão de reconhecimento sem que tudo esteja resolvido é apoiar o terrorismo. Por isso exige-se a libertação imediata e segura dos reféns, uma Autoridade Palestiniana responsável, a desmilitarização e desarmamento do Hamas e das Milícias que o rodeiam e o reconhecimento do Estado palestiniano por parte de Israel", disse.
Paulo Neves (PSD) argumentou que o Governo de Luís Montenegro acompanha "com proximidade a questão da Palestina" e que é a favor de um Estado Palestiniano num "território limpo de grupos terroristas, como acontece na Faixa de Gaza".
"Só assim teremos um estado verdadeiramente independente. O PSD apoia a posição da libertação de todos os reféns em poder do Hamas, a destruição do Hamas e eleições em todo o território palestiniano. Só depois, Portugal reconhecerá o Estado palestiniano. Estamos , assim, do lado certo da história, com uma Palestina independente, sem que seja refém de qualquer grupo terrorista", concluiu.
A votação das várias moções será efetuada no final dos trabalhos parlamentares da manhã.
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